quarta-feira, novembro 30, 2005

confissões # 11

Tenho tendência para uma ceguez natural perante o óbvio.

confissões # 10

Este ano gastei tanto dinheiro em concertos!
Acho que poderia ter feito uma versão só minha do filme "9 songs"....
Não teria sido mau de todo! Uhm... Não teria, não senhora!
Vou ter de me controlar no próximo ano... Senão abro falência!
Um amigo perguntava-me porque é que eu vou a tantos concertos....
Ele não entende! Para mim é sempre uma surpresa, porque nunca sei se vou gostar mais ou menos do que ouço...
Porque quando gosto sinto-me invadida por prazer e quando não gosto fico irritada! Mas em qualquer um dos casos sinto-me mais viva, porque estou a sentir!
E viver é sentir!

Imagens da Índia # 8

confissões # 9

Sou exigente comigo!
E tão pouco benevolente para com as minhas atitudes...

confissões # 8

Nem sempre lido bem com a crítica.
Sinto-me duplamente frustrada:
porque dei motivos para a crítica e porque me criticaram!
Não percebo:
Porque é que não sou perfeita!?!
Ou porque é que não aprendo a lidar com a crítica?

paredes vermelhas....



A minha parede vermelha.... Para o Bonifaceo ;)

terça-feira, novembro 29, 2005

confissões # 7

Sou preguiçosa!
Às vezes sou tão preguiçosa...
E o pior é que se trata de um dos pecados mortais...

crónicas de uma rapariga gira sem namorado aos 30 anos # 29

Eu sabia que um dia isto ia acontecer!! Eu sabia que um dia algum realizador de cinema iria olhar para mim e achar que eu tinha potencial a desenvolver.... Eu sabia! Era inveitável!

Ontem isso aconteceu.

"-Ainda bem que chega.... Posso fotografá-la? Já pensava que não vinha hoje....

- Sabe que tinha potencial para entrar num dos meus filmes....

- Isso! Ponha um sorriso bonito... Olhe para o meu dedo... Não se mexa! Está perfeita!"


Não tenho perfil de modelo fotográfico... Pude concluir isso!

Mas claro que a situação não se podia resumir a isto.... e no final começa ele:

"- Eu gostava de ser consultado por si..."

E por mais que lhe explicasse, ele não compreendia e continuava a repetir a frase! O que vai ser de mim?

confissões # 6

Tenho de admitir...
Eu compro ramos de rosas amarelas só para mim*....
Sexta feira lá fui eu comprar!
Mas desta vez só comprei uma rosa...


* às vezes sou quase eu que faço os ramos com as floristas.... Só para ficar de acordo com os meus gostos

sexta-feira, novembro 25, 2005

confissões # 5

Sempre que quero sentir-me sexy,
pinto as unhas de vermelho
ou uso roupa interior vermelha...
ou roupa exterior dessa cor!
Vale tudo o que seja vermelho:
até pintar a parede da minha sala!

Leilão

Tenho um bilhete reservado para dEUS, dia 6 de Dezembro, na Casa da Música. Na verdade, ele nunca foi para ninguém, mas quando reservei achei que me podia estar a esquecer de alguém... que pedi mais um! Se alguém estiver interessado, que avise! Quem for só tem é de levar comigo ao lado. Mas neste não se prometem lágrimas! O que já não é mau...

confissões # 4

Acreditem:
Sou tão boa a analisar as situações,
Como sou boa a auto-enganar-me!
Até dispensava ser tão boa...

confissões # 3

Custa-me muito trabalhar com um horário fixo.
Aprecio a liberdade...
Além deque faria a mesma coisa em 75 % do meu horário de trabalho,
mas também sei que não farei mais trabalhando os outros 25%...
Porque é que o meu chefe não compreende que eu dispenso os 25% de tempo dedicado aos intervalos?!!

confissões # 2

Não há nada melhor do que acordar e andar a dançar nua pela casa!

confissões # 1

Sou tão parva!!!
Às vezes...

quinta-feira, novembro 24, 2005

Parei em frente à porta de minha casa sem saber se devia entrar ou continuar a caminhar para um lado qualquer. Além de mais também não conseguia escolher para que lado deveria ir. E isso deixou-me perdida entre os lados. Continuei a caminhar sem escolher o lado para onde ia. E quando dei conta, estava mesmo à frente da tua porta. A cidade estava calada. O frio entrava pelos cantos do meu casaco. Aliás o frio estava nas minha mãos que tremiam, no estômago apertado, nos olhos que não viam nada. Não soube o que fazer com a tua campainha. O frio não me deixava tocar em nada. O frio não me deixava decidir... E ali fiquei parada. A certa altura, veio um vento. Esse vento era muito vagaroso, mas começou a arrastar-me para fora da porta da tua casa. Não conseguia lutar contra ele, nem a favor, porque ele só fazia o que queria. Adormeci, enquanto era empurrada pelo vento. Quando acordei, estava num deserto de mar, que não tinha ninguém. Estava. Estava com menos frio e já conseguia tiocar nas coisas. Agora só preciso encontrar a casa onde as pessoas se recolheram.

imagens da índia # 7

quarta-feira, novembro 23, 2005

comidas

adoro cozinhar com amor. e por isso gosto de cozinhar para quem amo...

A comida: Parte 6

Em nenhum dos dias percebi que estava a comer exactamente. Não percebia os nomes. Não percebia as explicações. Sei que era essencialmente vegetariana. Conseguia perceber de vez em quando o sabor a caril, coco, gengibre, um picante qualquer, tomate, agridoce… e sempre com molhos espessos. Noutras vezes não comia comida indiana… Quase sempre quando sentia que os meus intestinos poderiam ter algum problema.

Claro que houve um dia que um empregado decidiu escolher o meu pequeno-almoço. Perguntei-lhe o que era uma determinada coisa e como não percebia o que era disse-lhe que não queria. Ele decidiu trazer-me para que eu provasse. Tratava-se de uma massa compacta de aveia com leite à qual poderia juntar açúcar. Trouxe e ficou a incitar-me a provar. Provei e não me apetecia nada comer… Mas ele não entendia porquê: dizia-me que era bom para aguentar um dia, porque alimentava muito. Acredito… Mas não estava nada habituada aquele sabor.

As casas de banho e as baratas: Parte 5

Chegámos a Mumbai e caiu uma barata em cima de um de nós. Felizmente não me escolheu. No entanto, levou-me a pensar que aquele país estava repleto de baratas… Confesso que fiquei em pânico. Admito que não lido bem com determinados bichinhos inofensivos… É um defeito. Nem parece que sou uma rapariga de aldeia onde existiam destes e de muitos mais. Não apareceram muitas baratas ao longo da viagem, mas sempre que tinha de ir a uma casa de banho pensava sempre nas baratas.

Talvez porque as casas de banho em alguns sítios sejam pouco limpas. Aliás, houve uma casa de banho que fui numa bomba de gasolina, que nem queria acreditar que era possível estar tão suja… Nunca vi nada semelhante. Nem consigo descrever. Apesar de tudo, as piores encontravam-se quando fazíamos viagens entre cidades. Era o que de pior eu encontrava nas viagens. Pior do que o desconforto de algumas viagens. Quando sentia vontade de ir à casa de banho, só pensava no que iria encontrar. Houve uma que decidi nem acender a luz… Preferi nem ver. Bastava-me o cheiro. Por acaso o cheiro das casas de banho públicas fez-me lembrar o concerto do sudoeste que a certa altura fica com um cheiro nauseabundo na zona das casas de banho, mas que apesar disso, ainda longe dos cheiros quentes da Índia.

A última barata veio de brinde na minha faca num restaurante em Mumbai. Ainda bem que era pequena, porque todas as minhas tentativas para dessensibilizar o nojo demonstraram ter falhado…

Mas nem as casas de banho nem as baratas conseguiram alterar o estado de espírito que se vivia por aquelas paragens.

s o n h o s

Fico a dormir todos os dias de manhã, só à espera que te encontres comigo já no fim dos meus sonhos para que seja possível lembrar-me melhor de ti quando despertar. No entanto, parece que surges sempre com o poder de me fazer esquecer o que vi de ti durante o sonho para que eu deseje sonhar-te sempre... E acordo com o medo de não te tornar a ver e com o medo de te ver para sempre!

imagens da Índia # 6

terça-feira, novembro 22, 2005

Estou com um problema:
Detesto ir às compras.
Não tenho roupa,
logo
como é que me dispo?

imagens da Índia # 5

segunda-feira, novembro 21, 2005

pressentimentos... ou talvez não!

Ontem estava com um pressentimento estranho.
Hoje estou com palpitações...
Mas o que é que se vai passar?
Mas o que é que se passa?
E assim deixo-me afectar por estas sensações que não consigo explicar.
Conduzo-me para tentar evitar sentir-me cada minuto pior que o anterior!

crónicas de uma rapariga gira sem namorado aos 30 anos # 28

"- Ela tem sorriso de grande panorâmica, não tem?
- Acho que é uma grande angular...
- Mas é gira, não é?..."


Pois agora já fazem piadas fotográficas acerca do meu sorriso... O que não deixa de ter a sua graça! É sempre um elogio diferente. Em vez dos habituais elogios de engate...
Acabei por lhe dar o número de telefone, tal foi a leveza com que eles falavam sobre mim!

os caracóis vão a concertos # 7

Sigur Rós
Simplesmente
genial
e
mágico.
Forte
e
intenso.
Gostei muito do concerto. A certa altura algo em mim andava a flutuar no Coliseu...

sexta-feira, novembro 18, 2005

Ontem uma amiga perguntava-me quais tinham sido as minhas grandes decisões na Índia... E eu respondi-lhe que não tinha tomado grandes decisões, mas sim pequenas, o que me preocupava mais.... Normalmente as grandes decisões raramente se concretizam... Mas as pequenas são mais reais...

imagens da Índia # 4

quinta-feira, novembro 17, 2005

Happy Diwali: Parte 4

A maior festa Hindu. Todos nos desejavam um Happy Diwali. Não tive tanto contacto com a religião quanto gostaria. Não foi possível ou talvez achasse que teria de ser numa próxima viagem em que estaria mais preparada para absorver a cultura religiosa que os move.

Os lugares cósmicos: Parte 3

Jaisalmer. Puskhar. Palolem.
Estes foram os três lugares onde me senti mais em comunhão com o cosmos. De formas diferentes, sem dúvida.

Em Jaisalmer senti a força do deserto, do calor e da cor do entardecer. A cidade ficava com cores douradas e só me apetecia sorrir. Parecia que já tinha vivido por ali e que estava a recuperar velhas memórias. As pessoas eram mais provincianas. Os putos escondiam-se a espiar enquanto experimentava roupas. Mas também autênticas. O Mister G., dono do hotel onde ficámos disse-nos que esperava o nosso regresso, mas da próxima com namorados para “sermos mais felizes”. A cidade é sem dúvida muito romântica e quente.

Em Puskhar senti a força do universo apoderar-se sobre mim. Foi um dos sítios onde mais escrevi. Apetecia-me telefonar para casa e dizer “Vou ficar por aqui uns meses!”, a dar conta de alguns sonhos! Aqui apesar de acompanhada foi o sítio onde me senti mais só. Aquela solidão que todos procuramos de vez em quando. A solidão que se reveste de tudo e de todos. Foi também o local em que o esforço físico foi mais recompensado e mais espiritual. A subida do monte foi desgastante, mas quanto mais custava, mais perto céu eu me sentia. Li numa revista indiana que os habitantes desta terra abençoada estavam fartos de tantos estrangeiros. Estavam a retirar o seu brilho de espírito. Como os compreendo. Quase não volto lá para não profanar lugares tão sagrados. Foi também onde uma finlandesa com ar de louco me perguntou se eu era repórter… Quem me dera! Ela na sua loucura leu um dos meus desejos mais sublimes: descobrir culturas e escrever sobre elas.

Por fim Palolem. Que pena aquele lugar estar transformado numa estância de férias para ingleses e para turistas com uma alma tão pouco presente! Um local tão mágico. Com as cores mais sublimes que algum dia vi num entardecer. Queria poder prometer que todos nos íamos embora para que o lugar recuperasse a sua alma, Senti-me egoísta porque queria sentir Palolem à dez anos atrás. Senti-me egoísta porque não queria aquelas pessoas ali. Queria indianos. Queria alma. Queria o que apenas imaginava. Ficou-me apenas a saudade do que eu não conheci mas que já por ali andou. Foi o lugar onde chorei de raiva, de pena, de tudo o que me faz infeliz. Foi o lugar onde fiz o retrato da minha vida. O meu espírito ficou a nu. Chorei. Chorei. Queria simplesmente entrar pelo mar adentro. Queria ser eu dentro de uma pele molhada. Queria ser o vermelho do céu, do mar.

A curiosidade: Parte 2

Houve algumas situações em que ri muito com as atitudes dos indianos perante a estrangeira que fui naquele país. A primeira foi na viagem de camioneta entre Jodpur e Jaisalmer. Vinha a dormir. E fui acordada com os risos estridentes de três mulheres. Estávamos a passar por uma terra árida sem casas, sem vegetação e perguntei-me quantos quilómetros teriam feito aquelas mulheres para apanharem a camioneta. Elas estavam em pé na camioneta com as caras tapadas a rirem-se de mim. A mais velha tocou-me na cara. As outras riram-se ainda mais. A mais velha sentou-se ao meu lado. Veio nervosa toda a viagem e eu nem me atrevi a falar com ela.

No comboio vinham alguns indianos de terras vizinhas que não falavam inglês. Muito curiosos em relação a tudo o que fazíamos. Acho que nem dormiram para poder ver bem como é que nos comportávamos. A certa altura vinha eu a dormir e senti uma respiração pesada sobre mim. Não quis abrir completamente os olhos e então espreitei. O indiano mais curioso estava sobre mim a ver a minha cara em pormenor. Não me tocou. Mas estava tão atento que até me deu vontade de sorrir. Não o fiz por medo do que ele poderia interpretar. Virei-me para que ele abandonasse a sua exploração.

Numa praia estava a falar com algumas raparigas, quando uma "Nikita" muito surpreendida me pergunta como é que eu pus a minha pinta no nariz... Ri-me até não poder mais, porque é um sinal vermelho que eu tenho na ponta do nariz! (sem comentários!)

Ao longo de todas as férias fotografaram-me algumas vezes. Umas de forma disfarçada. Outras pediam-me para ser fotografada com eles. A certa altura já gozava om eles e pedia 10 rupias pela fotografia. Outras quando queriam tirar fotografias com muitas pessoas diferentes, fartava-me e recusava-me.

Era a mesma curiosidade que me fazia fotografá-los. Quando andava nas ruas não conseguia parar de olhar para as pessoas. De as fotografar. De fotografar o quotidiano para reter o quotidiano deles. Um dia decidi aprender a falar a língua deles. O empregado do restaurante fartava-se de rir. Só aprendi Namasté… Esta falta de capacidade para línguas estrangeiras, irrita-me.

A partilha: Parte 1

Houve uma frase especialmente importante que um Italiano nos disse em Jaisalmer. Ele está a trabalhar lá temporariamente e enquanto partilhava um pouco da sua história, dizia que em Itália trabalhava e não era feliz. Isto acompanhou-me durante todas as férias. Ser feliz. Procurar novos caminhos para me sentir mais feliz. Isto fez-se acompanhar de uma capacidade de partilha que é típica dos Indianos que conheci. Pensei em como aquele italiano estava integrado na cultura simples de abertura dos sonhos e temores que cada um de nós vive. Ainda hoje me sinto acompanhada por esta frase relativa à felicidade e na responsabilização que cada um tem em a procurar. Os pequenos momentos de felicidade. Não é nova. É apenas o relembrar de uma frase repetida vezes sem conta, em que procuro sempre entender o sentido mais extenso que ela guarda.

O nascer do sol mais especial que vi foi aquele à saída de Jodpur. Vínhamos de Jaisalmer e deixávamos para trás uma viagem de 6 horas de comboio. Muito pó naquele comboio. E dali queríamos ir para Puskhar. Apanhamos uma camioneta velha. Com uma suspensão quase inexistente, os bancos quase todos estragados e lixo, muito lixo no chão. Os vidros não fechavam e o frio da manhã entrava-me no corpo. Parecia tudo tão mau que quando olhei para o céu e o sol começava a despertar, achei que estava num sonho mágico. Tudo tinha ganho um brilho mais forte. O autocarro tinha-se transformado. Não voltei a dormir. Estava de óculos e vinha um rapaz indiano a olhar para mim. De repente estendeu-me o que parecia ser um livro. Vinha tão inebriada que recusei. Achei que me queria vender alguma coisa e eu desejava viver aquele momento sozinha. Ele sorriu e disse tratar-se de um álbum. Aceitei-o. Desfolhei-o. Ele explicou-me ser as férias na cidade vizinha com os amigos. As fotografias de má qualidade. As poses pouco naturais de cinema indiano. Mas o sorriso no seu rosto enquanto via as fotografias dele. Quando terminou a sua viagem saiu recatado, com o álbum debaixo do braço. A felicidade por as partilhar. Imaginei-me num autocarro Porto-Lisboa a dar o meu álbum a alguém para ver as minhas férias e chorei pela minha incapacidade de partilhar a minha vida com os desconhecidos. Ainda bem que estava de óculos de sol porque vim a chorar durante um bom bocado. Senti a minha dificuldade em partilhar o que é realmente importante para mim!

Sem dúvida que foi esta capacidade de partilha humana o que mais me tocou em toda a viagem. Senti os olhos molhados diversas vezes. Como se, quem nada tem partilha o mais importante: a sua vida. Associado a isto senti o real interesse por mim, por quem era, o que fazia, se era casada, e como era Portugal. Se o meu Inglês fosse melhor teria contado toda a minha história…

A Índia. Rajastão e Goa.

Uma viagem é feita dos pequenos momentos que nos emocionam ou tocam. É feita das belezas que encontramos. Dos nossos esforços. Da cultura. Das pessoas que nos sorriem e olham.

Viajar.

De que serve viajar para as pessoas? De que me serve viajar? É uma questão que me coloco sempre que regresso de férias, sempre que regresso de viagem. Continuo a ser a mesma pessoa, a minha realidade continua a ser a mesma, se tiver sorte as pessoas que ficam, continuam exactamente iguais a antes de ir embora. Não espero mudanças drásticas, mas parece que espero sempre fechar ciclos quando decido partir para outro país. Quase como se esperasse que o confronto com outras culturas me fizesse mudar uns pedaços de alma. Quase como se encher os olhos e a alma pudessem esvaziá-los de coisas menos importantes, menos saudáveis. Espero uma substituição dos fios mais fracos, dos elos menos positivos, das manias e cismas. Espero uma pequena mudança que vai trazer-me novas possibilidades de análise, novos sonhos, novos objectivos e consciências diferentes das habituais.

Antes de ir, evito as expectativas, evito imaginar sobre o que vou encontrar e centro-me apenas na ideia de ir. Como se partir fosse uma necessidade vital. Como se partir me libertasse da ideia de catástrofe anunciada. Na verdade, se ficasse nada acontecia. Nenhuma catástrofe teria lugar.

No entanto, vou. Vou e sempre com vontade de voltar apenas quando sentir saudades. Nem sempre volto com saudades. Volto quase sempre com a obrigação da responsabilidade a cumprir no lugar de onde parti. Responsabilidade. Cumprimento de obrigações. Fim de ciclo, renovação e início do próximo ciclo pendente apenas por um fio que tende a partir sempre para dar lugar a outro que se arrisca a não fazer qualquer sentido.

Sinto-me sempre entre fios de ciclos mais ou menos duradouros, mais ou menos intensos. Mas volto sempre ao lugar de onde parti. Volto sempre para o olhar de maneira diferente. Para o sentir de outra maneira. Quando chego preciso de tempo para recuperar. Recuperar do que vi, do que senti. Perceber que elos se mantêm ligados e quais os que se romperam para dar lugar a outros.

Custa-me entender novamente as rotinas. Custa-me começar a trabalhar. Custa-me perceber o que vai ter um fim próximo e o que vou manter de futuro. Penso no que serão os meus talentos e no que serão os meus desalentos. Preciso de tempo e de paz para o fazer. Preciso de ler e compreender cada uma das letras que se apresenta à minha frente. Tudo isto é o meu caminho de regresso de uma viagem. Tudo isto demora algum tempo. Existem coisas mais imediatas, como sentir-me mais calma, harmoniosa, paciente, desperta e com vontade de começar. Por outro lado, sinto-me com vontade de parar, de ter tempo para integrar, de conseguir ter tempo parada antes de embarcar no novo navio. Hoje estou a finalizar a necessidade de estar parada.

Estou finalmente a integrar a viagem. Estou a recuperar para poder dar aos outros o que trago na alma. Para ser capaz de partilhar tenho de me ligar ao mundo. Quando chego parece que me persegue uma euforia de agarrar tudo com ambas as mãos. Depois essa euforia dá lugar a uma nostalgia. Que atinge o seu ponto máximo no dia em que me fecho sobre mim. Hoje fechei-me. Não sou capaz de falar. Não sou capaz de dar. Sinto-me tão sozinha que até deixo que me corram umas lágrimas. Acho que esta sensação de solidão faz parte do desejo de me abrir a novos mares. Assim me sinto hoje que pretendo finalmente preparar-me para ver o velho mundo. Cheio de lugares comuns. Preenchido de grandes esperanças.

Resposta às Presidenciais

Isto é uma discordância ao post "Presidenciais" e seus comentários. Desculpem, mas não consigo concordar com vocês.
Tudo bem que não temos candidatos presidencias perfeitos (nem de lá se aproximam). Não temos discursos firmes e esperançosos (em alguns casos, como no do Cavaco, nem sequer discursos temos). Não acreditamos que, qualquer que seja o vencedor, o nosso país mude (embora, confesse, simpatize com o poeta e, Asdrúbal, não entenda porque é que consideras que ele esteja a fazer figuras tristes).
Mas aceito que não concordem comigo. Ou que discordem frontalmente daquilo em que acredito ou penso.
Não consigo é compreender como é que podem pensar que o Vieira seria o caminho por qual optar. Ele é um "ganda maluco", um gajo engraçado, que canta umas coisas engraçadas (às vezes). Mas presidente de um país? Acham sinceramente que ele teria capacidade para tal? Eu não acredito nisso (e, nesta campanha, já nos chega um não-político).
Vocês acreditam?

Ontem. Hoje. Hoje. Ontem. Ontem. Ontem. E amanhã? Como será?
Passo a vida distraída com banalidades que abafam o HOJE.

Budapeste de Chico Buarque

Li-o nas águas quentes do Mar Arábico, enquanto estava de férias. Aparentemente leve, aparentemente uma história simples, aparentemente um romance sem muito conteúdo.... Para se transformar ao longo da leitura num bom ponto de partida para pensar em algumas questões relacionadas com a relação amorosa, com os cruzamentos de pessoas, com o timing dos encontros... Com o papel da profissão e a sua marca na vida pessoal. Li-o num ápice, enquanto a água quente do mar me refrescava o corpo!

imagens da Índia # 3

quarta-feira, novembro 16, 2005

Metro do Porto

Tá muito bonito, é verdade. É preciso, é muito verdade.
Agora expliquem-me lá como é que não se lembraram que era preciso levá-lo até ao aeroporto? duplicar a linha não sei para onde? Fazer mais umas estações aqui ou alí ou que uma delas ia lixar a entrada num hospital?
Belissimo planeamento.
Aplaudo a decisão do governo de tomar conta daquilo.
Gastou a mais, não foi competente, rua.
Mas e a OTA e o TGV? Ainda dou o beneficio da dúvida, porque não percebo nada daquilo.
Espero é que o critério se mantenha.

As Presidenciais


Cada vez que vejo o Cavaco a falar, percebo porque é que ele anda tão calado.
Cada vez que vejo o Soares a falar, acho que devia fazer como o Cavaco e estar caladinho, a menos que queira mesmo perder as eleições.
Cada vez que vejo o Alegre a falar, fico triste porque vejo um poeta a fazer figuras tristes.
Cada vez que vejo o Louça a falar, parece que se esquece a qual eleição se está a candidatar.
Cada vez que vejo o Sousa a falar, apetece-me começar a chamar-lhe mentiroso já, caso isto chegue a haver 2ª volta é o que toda a gente lhe vai chamar. Nem o discurso do "impedir a vitória da Direita" o vai safar.
Isto está tão mau que até o Pereira do PCTP/MRPP parece que aparece mais.

Cá pra mim anda tudo a brincar aos politicos e só o Cavaco quer mesmo ganhar. Ainda gostava de ver se vai ser ele a gerir as contas da Presidência, com tanta estória de que "eu é que sei de finanças".
Cá para mim o Soares devia mas é estar quieto, dignificar-se a si próprio e obrigar o PS a arranjar alguém novo. Mais dia menos dia ainda se candidata à Câmara do Porto "A bem da população" (e falta de alternativas no partido). E, quem se arma aos cucos a dizer que resolvia a situação melhor que os outros em França devia escrever um manual aqui para a malta que lida com Bairos de São João Deus, Amadoras e afins.
Entre a brigada do reumático mais ou menos calada, mais ou menos armada aos cucos e os suspeitos dos costume, só vejo um tipo capaz de levar isto a sério, porque leva tudo na brincadeira.
Eu apoio o Vieira. Ide ao site dele. Era lindo se ele conseguisse as assinaturas necessárias. Este país precisa de nonsense bem feito, porque de nonsense mal feito estamos já entupidos. Basta-nos os candidatos do costume.

Obrigado ao Camarada do Insónia por me lembrar disto.

http://www.vieira2006.com/

imagens da Índia # 2

marinisses....

Ás vezes penso que não sou em condições de sair sozinha deste meu país... Reparem: quando fui ao Brasil, esqueci-me do código do cartão de crédito, mas como tentei várias vezes, acabei com o cartão bloqueado. Desta vez, tentei ser organizada e pedi um cartão de crédito novo, porque o anterior nem sempre funcionava... E adivinhem: Quando fui levantar dinheiro, percebi que não sabia qual era o código, nem tão pouco sei onde o pus... E lá andei outra vez a ser mantida pelos meus companheiros de viagem! Não compreendo porque é que sou sempre assim tão distraída... Terei emenda?

terça-feira, novembro 15, 2005

imagens da Índia # 1

Ainda não estou adaptada ao frio. Não me apetece adaptar. Até já fiquei doente. Constipada. Também ainda não me apetece trabalhar. Não quero. Quero poder fazer outras coisas. Ganhar em tempo. Ganhar em momentos de felicidade. E até já fiquei doente. Dores de estômago.
Adaptar-me a coisas que não quero, que não me fazem feliz, que não me fazem sentir, que não me fazem sonhar...
Não conseguir perceber como é que se altera a estrada por onde caminho. Sei que se preciso mudar. Posso ficar doente. Doente de tristeza. Alguém tem por aí um mapa a mais? Por acaso...?

segunda-feira, novembro 14, 2005

poesia # 6

Os momentos de poesi não são apenas aqueles que reflectem a beleza. Existem momentos que relectem a pobreza, a miséria, a tristeza... Mas que não deixam de ser momentos de poesia!
Trago um desses momentos fotografado na minha memória. Imagem construída e reconstruída.
Mumbai. 2005. 22:00.
Um bébé pousado num passeio escuro, frio, porco,
com uma mão pousada sobre o seu estômago...
A mão?
Essa era da mãe, que com a outra mão escondia os olhos que choravam a morte do seu filho.
Do outro lado da rua, um dos melhores hotéis da cidade.
Rico, magnífico...
A poesia?
Foi o que eu senti perante aquela imagem que fotografei com a alma.

regresso depois de umas merecidas férias!

É verdade. Regressei e sem ter provado as pilas indianas... Talvez para uma próxima oportunidade. É que sabem? Não é fácil perceber os códigos de acasalamento de culturas tão diferentes da Nossa, quanto aquela. Trago contudo os sabores, os cheiros, os olhares, as lições e a vontade de lá voltar por mais tempo. Trago a sensação de já ter percorrido todos aqueles caminhos, noutros tempos... E trago os meus registos de viagem. Agora só falta compilar o texto para vos despertar a vontade de o visitar.

terça-feira, novembro 08, 2005

Gosto de dias de chuva...

Gosto de ficar em casa, deitada no sofá, a ver a chuva bater na janela e a formar rios ondulantes pelo vidro fora... Gosto de ouvir o vento assobiar e, a cada uivo, aconchegar-me um pouco mais debaixo da manta... Gosto de beber um chá quentinho, enquanto olho para a televisão ou leio um livro, naquele estado de turpor que não sei bem distinguir se estou meio a dormir ou meio acordada. Gosto de chuva. Só não gosto é de ter de ir trabalhar em dias de chuva.

domingo, novembro 06, 2005

No ano passado prometi que passaria o proximo aniversario num dos meus destinos de sonho! Aqui estou eu, na India, a cumprir o prometido! Contudo nao pude deixar de passar por ca para vos dizer o quanto voces, meus amigos, sao importantes para mim... Levo da India uma serie de coisas na alma. Tenho outras tantas que espero poder dar-vos.... Gostaria que estivessem ca em Goa...


ps: a pontuacao tem de a fazer, pq os teclados sao muito estranhos...

quinta-feira, novembro 03, 2005

A Intérprete

Finalmente vi este filme com a óptima Nicole Kidman e o fantástico Sean Penn. Confesso que andei uns tempos desmotivada a vê-lo devido às críticas, que o consideravam um filme desapontador, para quem conhece as capacidades interpretativas dos dois actores. A questão é: quem não conhece?
No entanto, fiquei agradavelmente surpreendida. Não é uma obra prima mas é um bom filme de acção que cumpre o objectivo principal: entreter.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Desapareceu Alice

Ontem fui ver o filme "Alice", do Marco Martins. Um filme escuro, soturno, em que o desespero de um pai em busca da sua filha desaparecida nos deixa com um aperto no peito. É um filme em que o Nuno Lopes (sim, o rapaz das telenovelas) tem uma prestação excelente, pura e simplesmente porque não parece que está a representar. Permanece quase todo o filme inexpressivo, plano, vazio... Tal e qual como se deve sentir um pai que mergulha na angústia de perder uma filha e que vive obcecado a tentar recuperá-la. Fazendo do seu quotidiano uma repetição continua de rotinas que, afinal, são o que ainda o liga à sua filha. E finalmente desiste. Talvez no momento em que devia ser mais persistente...

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