confissões # 11
Canto internáutico da tertúlia literária (e não só), "Os Caracóis da Marina" são uma boa desculpa para um grupo de velhos amigos terem "boas" conversas e beberem uns copos...
Eu sabia que um dia isto ia acontecer!! Eu sabia que um dia algum realizador de cinema iria olhar para mim e achar que eu tinha potencial a desenvolver.... Eu sabia! Era inveitável!
Tenho um bilhete reservado para dEUS, dia 6 de Dezembro, na Casa da Música. Na verdade, ele nunca foi para ninguém, mas quando reservei achei que me podia estar a esquecer de alguém... que pedi mais um! Se alguém estiver interessado, que avise! Quem for só tem é de levar comigo ao lado. Mas neste não se prometem lágrimas! O que já não é mau...
Em nenhum dos dias percebi que estava a comer exactamente. Não percebia os nomes. Não percebia as explicações. Sei que era essencialmente vegetariana. Conseguia perceber de vez em quando o sabor a caril, coco, gengibre, um picante qualquer, tomate, agridoce… e sempre com molhos espessos. Noutras vezes não comia comida indiana… Quase sempre quando sentia que os meus intestinos poderiam ter algum problema.
Chegámos a Mumbai e caiu uma barata em cima de um de nós. Felizmente não me escolheu. No entanto, levou-me a pensar que aquele país estava repleto de baratas… Confesso que fiquei em pânico. Admito que não lido bem com determinados bichinhos inofensivos… É um defeito. Nem parece que sou uma rapariga de aldeia onde existiam destes e de muitos mais. Não apareceram muitas baratas ao longo da viagem, mas sempre que tinha de ir a uma casa de banho pensava sempre nas baratas.
Ontem estava com um pressentimento estranho.
"- Ela tem sorriso de grande panorâmica, não tem?
Sigur Rós
A maior festa Hindu. Todos nos desejavam um Happy Diwali. Não tive tanto contacto com a religião quanto gostaria. Não foi possível ou talvez achasse que teria de ser numa próxima viagem em que estaria mais preparada para absorver a cultura religiosa que os move.
Jaisalmer. Puskhar. Palolem.
Houve algumas situações em que ri muito com as atitudes dos indianos perante a estrangeira que fui naquele país. A primeira foi na viagem de camioneta entre Jodpur e Jaisalmer. Vinha a dormir. E fui acordada com os risos estridentes de três mulheres. Estávamos a passar por uma terra árida sem casas, sem vegetação e perguntei-me quantos quilómetros teriam feito aquelas mulheres para apanharem a camioneta. Elas estavam em pé na camioneta com as caras tapadas a rirem-se de mim. A mais velha tocou-me na cara. As outras riram-se ainda mais. A mais velha sentou-se ao meu lado. Veio nervosa toda a viagem e eu nem me atrevi a falar com ela.
Houve uma frase especialmente importante que um Italiano nos disse em Jaisalmer. Ele está a trabalhar lá temporariamente e enquanto partilhava um pouco da sua história, dizia que em Itália trabalhava e não era feliz. Isto acompanhou-me durante todas as férias. Ser feliz. Procurar novos caminhos para me sentir mais feliz. Isto fez-se acompanhar de uma capacidade de partilha que é típica dos Indianos que conheci. Pensei em como aquele italiano estava integrado na cultura simples de abertura dos sonhos e temores que cada um de nós vive. Ainda hoje me sinto acompanhada por esta frase relativa à felicidade e na responsabilização que cada um tem em a procurar. Os pequenos momentos de felicidade. Não é nova. É apenas o relembrar de uma frase repetida vezes sem conta, em que procuro sempre entender o sentido mais extenso que ela guarda.
Uma viagem é feita dos pequenos momentos que nos emocionam ou tocam. É feita das belezas que encontramos. Dos nossos esforços. Da cultura. Das pessoas que nos sorriem e olham.
De que serve viajar para as pessoas? De que me serve viajar? É uma questão que me coloco sempre que regresso de férias, sempre que regresso de viagem. Continuo a ser a mesma pessoa, a minha realidade continua a ser a mesma, se tiver sorte as pessoas que ficam, continuam exactamente iguais a antes de ir embora. Não espero mudanças drásticas, mas parece que espero sempre fechar ciclos quando decido partir para outro país. Quase como se esperasse que o confronto com outras culturas me fizesse mudar uns pedaços de alma. Quase como se encher os olhos e a alma pudessem esvaziá-los de coisas menos importantes, menos saudáveis. Espero uma substituição dos fios mais fracos, dos elos menos positivos, das manias e cismas. Espero uma pequena mudança que vai trazer-me novas possibilidades de análise, novos sonhos, novos objectivos e consciências diferentes das habituais.
Isto é uma discordância ao post "Presidenciais" e seus comentários. Desculpem, mas não consigo concordar com vocês.
Tá muito bonito, é verdade. É preciso, é muito verdade.
Gosto de ficar em casa, deitada no sofá, a ver a chuva bater na janela e a formar rios ondulantes pelo vidro fora... Gosto de ouvir o vento assobiar e, a cada uivo, aconchegar-me um pouco mais debaixo da manta... Gosto de beber um chá quentinho, enquanto olho para a televisão ou leio um livro, naquele estado de turpor que não sei bem distinguir se estou meio a dormir ou meio acordada. Gosto de chuva. Só não gosto é de ter de ir trabalhar em dias de chuva.
No ano passado prometi que passaria o proximo aniversario num dos meus destinos de sonho! Aqui estou eu, na India, a cumprir o prometido! Contudo nao pude deixar de passar por ca para vos dizer o quanto voces, meus amigos, sao importantes para mim... Levo da India uma serie de coisas na alma. Tenho outras tantas que espero poder dar-vos.... Gostaria que estivessem ca em Goa...
Finalmente vi este filme com a óptima Nicole Kidman e o fantástico Sean Penn. Confesso que andei uns tempos desmotivada a vê-lo devido às críticas, que o consideravam um filme desapontador, para quem conhece as capacidades interpretativas dos dois actores. A questão é: quem não conhece?
Ontem fui ver o filme "Alice", do Marco Martins. Um filme escuro, soturno, em que o desespero de um pai em busca da sua filha desaparecida nos deixa com um aperto no peito. É um filme em que o Nuno Lopes (sim, o rapaz das telenovelas) tem uma prestação excelente, pura e simplesmente porque não parece que está a representar. Permanece quase todo o filme inexpressivo, plano, vazio... Tal e qual como se deve sentir um pai que mergulha na angústia de perder uma filha e que vive obcecado a tentar recuperá-la. Fazendo do seu quotidiano uma repetição continua de rotinas que, afinal, são o que ainda o liga à sua filha. E finalmente desiste. Talvez no momento em que devia ser mais persistente...