segunda-feira, março 28, 2005

29 de Março de 1959

nesta data escrevia a minha avó os seguintes versos, nas vésperas do meu avô voltar a partir para o Brasil. o meu avô esteve lá a maior parte da vida.... e a minha avó viveu cá com dois filhos. fez-me pensar nos tempos e naquilo que mudou na vida das pessoas. fez-me também perceber o porquê de uma expressão facial tão infeliz como a dela.

"Adeus Portugal querido
Ao Brasil vou passar
A família não me prende
A sorte vou procurar

Adeus querido Fiães
Linda terra de encantos
Onde deixei esposa e filhos
Para que anos; não sei quantos

Adeus minha linda casa
Onde deixo a minha querida
Cheia de lágrimas e saudades
Por esta minha partida

Deixo um filho nos estudos
Que eu deveria acompanhar
Pois não faltarão amigos
Que o possam desorientar

Deixo esposa e filhos
Por causa de um telefone
Não é por necessidade
Pois que não passavamos fome

Não me esquecerei de vós
Mas, é bem triste a ausencia
Mas, Já que assim quiz
Tendes de ter paciencia

Não choreis eu vo-lo peço
Porque se Deus me ajudar
dentro de bem pouco tempo
Eu tenciono regressar

__________^___________

Ó que tristeza tamanha
Que grande desolução
Partistes, mas eu fiquei
Contigo no coração

Partiste e deixaste-me aqui
Pois tu quisestes assim
Só tenho pena, de ter pena
De quem não tem pena de mim

__________^____________

esta foi a última partida do meu avô... voltou dez anos depois para morrer cá! e claro que chorei quando li esta carta... e voltei achorar agora ao imaginar o que ela terá sofrido por amor.

quinta-feira, março 24, 2005

a casa dos punhais voadores

há 5 anos atrás, na sexta feira santa, fui ver "o tigre e o dragão". este ano fui ver "a casa dos punhais voadores" na quinta feira santa. achei piada ao facto e perguntei-me em que páscoa irei estar na china a ver o sol, a cor da terra, o verde dos bambus? e como aconteceu à alguns anos, voltei a gostar imenso de ver a história de uma das minhas culturas preferidas.

mulheres apaixonadas (1)

"... Uma das coisas mais dificéis deste mundo é o acto de espontaneidade; é a única que se pode executar com distinção, uma vez que estejamos aptos a fazê-la. ..." (D.H. Lawrence, relógio d'água, pp 36)

pela estrada fora (3)

alguém me disse que ler este livro era o mesmo que apelar à liberdade da estrada. podia ser perigoso. corromper as amarras e fazer-me lembrar do "homem do mar"... e uma vontade de partir surgir vinda de um pedaço escuro que vive na minha alma. é uma leitura que nos absorve... só tive pena que não tivessem ido mais cedo para o méxico.

pela estrada fora (2)

"...Ficámos sentados sem saber o que dizer; já não havia mais nada para conversar; a única coisa a fazer era partir." (Jack Kerouac, relógio d'água, pp 159)

pela estrada fora (1)

"... como toda a vida fiz no encalço das pessoas que me interessam, porque as únicas pessoas autênticas, para mim, são as loucas, as que estão loucas por viver, loucas por falar, loucas por serem salvas, desejosas de tudo ao mesmo tempo, as que não bocejam nem dizem nenhum lugar comum, mas ardem, ardem, ardem...!" ( Jack Kerouac, relógio d'água, pp 13)

a queda de um anjo

sinto-me perdida em cima deste muro... desequilibrada em cima deste muro... prestes a cair no buraco...

Fora do Tempo...

O ideal seria pedir 12 desejos acompanhados de 12 uvas passas (ou "pássaras" como diz o empregado lá do supermecado) na noite de passagem de ano... Mas aquele frio impressionante impede-me sempre de pensar. Fico paralisada ao ponto de não conseguir atingir um estado de criatividade tal, que me permita identificar as 12 coisas que mais desejo (coisas, coisas, só coisas)! Sim, porque eu, enquanto material girl assumida, sonho com coisas diariamente!! Podia ser espiritual, mas não sou. Devo ter um sério problema. Embora não me considere "human superior", preocupo-me comigo.

Agora chega a primavera e já consigo pensar. Uau, até sei contar até 10 (devagarinho, claro). Enfim, agora consigo definir melhor o que quero e estou mesmo cheia de planos para viagens e idealizações romântico-sexuais (ou político-partidárias, já que vai tudo dar ao mesmo). O resto é o mundo e a todo o momento sinto que ele está a chamar por nós...

Continuo a acreditar nestas COISAS que constituem os pequenos absurdos diários... Sempre numa visão utilitária, claro está! São os tempos do mais básico. E, sinceramente, no meio de tanta trapalhada que nos rodeia (nas mais variadas dimensões das nossas vidas), não será o básico essencial?

terça-feira, março 22, 2005

Million Dollar Baby

Recomendo que vejam. Intenso, poderoso... ja não me sentia assim desde "As Horas" (embora a história não tenha nada a ver).

sexta-feira, março 18, 2005

"Eu penso em ti, (...)

ainda mais do que te digo, e tu estás em tudo, mesmo quando não te penso, tu és a grande razão, o horizonte sem nome que constantemente se desenha na minha imaginação de mim." - In "Amor", de António Mega Ferreira.

quarta-feira, março 16, 2005

Pedro Abrunhosa

Este fim de semana fui ver um concerto deste homem do Porto. E gostei... muito!!
Embora conhecesse pouco do seu último álbum, ouvi letras belíssimas acompanhadas de belíssimas melodias, em que o piano foi o instrumento dominante.
E depois, o Abrunhosa brindou o público com poesia, com uma versão de Leonard Cohen, com uma intimidade crescente, com humor, com as músicas mais antigas que toda a gente acompanhou... e com uma das mais sublimes canções que já ouvi, o "Será"!
Excelente!!!

terça-feira, março 15, 2005

primavera

cheira-me a primavera desde sexta feira passada e isso faz-me sentir apaixonada... por tudo!

Jornada

ás vezes acho que sou um bocado como aqueles brasileiros que conheci na praia do futuro que trabalhavam em função de necessidades específicas... que quando estavam satisfeitas deixavam de existir e, portanto eles descansavam até voltarem a sentir necessidade de trabalhar! eu sou um bocado como eles... mas o que me leva a trabalhar, mais ou menos, é diferente do que os levava a trabalhar... e tudo isto porque tenho andado afastada deste blog e assim vou continuar! motivos para isto? 3 jornadas de trabalho de 4 horas cada todos os dias.... sobra-me pouco tempo... preciso de dinheiro para cultivar o ócio que me permite escrever! até breve.

sexta-feira, março 11, 2005

A viagem de Théo

Da autora Catherine Clément, a Viagem de Théo é uma volta ao mundo e das suas religiões. É um livro enorme, não é de fácil leitura, mas já sinto saudades do Théo e da sua tia Marthe (ah, este sentimento tão tipicamente nosso...).
Esta viagem acompanhou a minha vida sensivelmente nos últimos 7 meses(!!). E já me faz falta este companheiro de cabeceira...
É uma obra que tem o mérito de dar a conhecer, ainda que de uma forma não muito profunda, as variadíssimas religiões que existem (e suas manifestações): Hinduísmo, Budismo, Xintoísmo, Ortodoxia, Cristianismo, Sufismo, Protestantismo, Maoísmo, Cabalismo, etc., etc., etc. Mas de outra forma não podia ser: se a autora desejasse fazer uma análise mais prolongada de todas as religiões mencionadas, então só escrevendo uma enciclopédia...

terça-feira, março 08, 2005

Dia Internacional da Mulher II

Enviaram-me um trecho tão lindo, que compartilho:
"Hoje pintaria um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas... Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas. Hoje convenceria cada mulher que é o tesouro do Mundo e viveria apaixonado pelo amor; provar-lhes-ia como estão equivocadas ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar... diria que arrisquem a serem felizes... arrisquem a serem únicas, porque amanhã... poderão não voltar a ser um tesouro... para ninguém...!!!" - Gabriel García Márquez

Dia Internacional da Mulher I

Uma bonita e triste história é a causa da comemoração do Dia Internacional da Mulher a 8 de Março:
No dia 8 de Março de 1857, operárias têxteis de uma fábrica em Nova Iorque, ocuparam a dita fábrica para reivindicarem a redução de um horário superior a 16 horas por dia, para 10 horas, sendo que recebiam menos de um terço do salário dos homens.
Essas operárias foram fechadas na fábrica onde, entretanto, deflagrou um incêndio. Cerca de 130 mulheres morreram...
Em 1910, numa conferência internacional de mulheres, realizada na Dinamarca, decidiu comemorar-se o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher", em homenagem àquelas.

Mar Adentro

Na última tarde de Domingo decidi ir Mar Adentro… Afundei-me na cadeira do cinema e preparei-me para começar a navegar… E a verdade é que este filme me levou muito longe… O dramatismo do filme, a intensidade dos sentimentos, a beleza das paisagens, enredaram-me de tal forma que perdi o pé… Perdi o rumo e deixei-me flutuar ao sabor das palavras de um espanhol quase português, das cores verde-terra e dos tons azul-mar, da beleza nua e crua de cada personagem… E à medida que as ondas iam e vinham também iam as lágrimas e vinham os risos… Mas mais do que lágrimas de pena, eram lágrimas de felicidade por perceber que tinha tesouros aos quais muitas vezes não dava o devido valor… Coisas simples, como a possibilidade de me levantar todas as manhãs, ir até à janela do meu quarto e sentir o sol acariciar com o seu calor morno cada milímetro do meu corpo e de a minha pele responder com um arrepio que me faz sentir realmente viva…

sexta-feira, março 04, 2005

A Máquina de Madeira

Um filme que vale a pena ver.

quinta-feira, março 03, 2005

http://www.mar-adentro.com/

ontem fui ver o filme "Mar adentro". não sei bem porquê uma vez que nem sabia do que tratava a história, mas achei que ia gostar deste filme desde que ouvi o nome. pois. e a minha intuição estava certa. gostei muito. mesmo muito. ao nível das "invansões bárbaras" do ano passado. claro que fiquei preocupada: ambos os filmes acabam com alguém que quer morrer a fazê-lo efectivamente. a morte é das temáticas que mais me aterroriza. sempre foi. acho que estes filmes podem ter um "não sei o quê" de terapêuticos... cada um procura no cinema o que quer!

á parte da história: sentimo-nos no norte de Portugal quando vemos o filme... e tem uma sucessão de imagens absolutamente fabulosas, porque fiquei tonta e senti aquele frio na barriga, como quando se desce uma lomba muito depressa... achei isso fantástico!

e sim: chorei imenso, tal como tinha prevenido... mas foi um chorar e rir ao mesmo tempo!

intuição

A intuição é a minha melhor amiga!

terça-feira, março 01, 2005

As Casas, de Dóris Graça Dias

"Quantas casas habitaste? Conta-as, recorda-as, uma por uma, e diz-me, francamente, se alguma ficou por cumprir. Diz-me se, em alguma, deixaste um desejo inacabado que, em outra, não tivesses afirmado. O que te deram as casas se não aquilo que tu és e não desejarias fosse de outro modo! Conta-me o bem que as moradias te fizeram: o que aprendeste nelas; o que deixaste nelas; o que trouxeste delas.
Vá!, conta-me; não me deixes nesta angústia de julgar que só eu gozei as casas que habitei.
Mas não mas descrevas por fora que, por fora, qualquer um as entende. Quero que me fales das escadas onde escorregaste num desejo de vertigem, dos corredores onde inventaste correrias, das varandas onde observaste a distracção dos que passam, dos quartos que arrumaram o teu sono de insónia e a que foste emprestando a tua maneira de crescer, numa profunda cumplicidade com o tempo.
Conta-me tudo isto, porque é importante entendermos que as casas se querem por dentro. Nossas! Tal como por dentro nos queremos a nós. E que bom é ter memória de muitas casas. Perceber que em algum dia lhes dominámos as paredes e soubemos encontrar-lhes recantos onde, à sorte, abandonámos segredos."

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