Pica-no-chão em Vila Verde

Este Fim-de-semana decorreu o segundo festival de pica-no-chão em Vila Verde, Minho. Para os menos atentos, pica-no-chão é o nome que se dá ao frango, à galinha, que não é criada em galinheiro e que portanto se alimenta "picando no chão" aquilo que come. Mata-se o frango e recolhe-se o sangue, coze-se fazendo um arroz malandro sobre ele e no final junta-se o sangue avinagrado para não coalhar. Pica-no-chão é um nome antigo, que alguns que tenham avós ou empregadas mais velhas da província certamente conhecem (certamente que a esquerda atenta neste blog me vai criticar por falar em "empregada da província", mas isto é só Queirosiano).

Uma boa cabidela tem os seus segredos e não sendo eu especialista em frente ao tacho, permitam-me os conhecedores que arrisque um pouco: Nem o arroz deve estar demasiadamente cozido, para, mesmo malandro ficar em papa, nem se deve juntar vinagre a mais. A intensidade do Vinagre nacional é tão grande, que o exagero leva à rápida saturação do palato, sobretudo numa carne branca e suave como é o frango. Se há exagero rapidamente se perdem os outros sabores. É claro que o frango, sendo pica-no-chão, também faz toda a diferença. Carne mais fibrosa e escura, mais consistente e com um sabor mais intenso ao que estamos habituados do frango de "supermercado".

O pica-no-chão que provei no Festival em Vila verde tinha todas estas características acima descritas e por isso considero que foi uma das melhores cabidelas que comi. O prato foi confeccionado no restaurante Assoc. de Agricultura Biológica de Vila Verde e talvez por isso o frango fosse de óptima qualidade. Para quem gosta do tipo de comida "tradicional" recomenda-se uma visita para o ano, sempre nesta altura. (broa, pica-no-chão e garrafas de vinho e água, 11€ para duas pessoas)