terça-feira, fevereiro 01, 2005

No País das Túlipas#5

O tal bar de estudantes está à pinha. A fauna aqui é completamente diferente: Queques holandeses (dispensa-se até o "holandeses". Parece que os queques são iguais e vestem-se de forma igual em todo o mundo. Globalização do vestuário e das tribos, sem dúvida...).
Chegamos e eu estou mesmo no pico da moca. Parece que estou debaixo de água. A barreira cannabica filtra os estimulos exteriores. Estou lá e ao mesmo tempo não estou. Até parece que estou a assistir a um filme, filmado na perspectiva do personagem principal: Eu. As ideias fogem, aparecem de repente, duas e três ao mesmo tempo, depois o vazio mental. Tenho ideias que parecem geniais, tipo montar um consultorio para pessoas estrangeiras, em que se fale inglês. Ou experimentar cozinhar bife de vaca com cogumelos e natas e acompanhar com grão de bico e batatas fritas. Enfim, ideias perfeitamente adequadas ao ambiente...
Muitos bebâdos, muitos saltos, muitos encontrões. Ambiente muito muito diferente. A música é rock/pop das hitlists de decadas anteriores. Ouve-se U2 mas também Michael Jackson. A coisa mais parecida que me lembro são as festas nos bares da ribeira circa 1993-1996. Presumo que festas universitárias são iguais em todo o lado: Alguma música chungosa, copos a rodos, engates mais ou menos evidentes. É uma pena a minha mente estar agora a navegar e a pensar o que terá acontecido ao telemóvel e ao dono. E em outras experiências culinárias absurdas, tipo "será que ovo frito com ketchup e cebola fica fixe? Deve dar caganeira..." seguido de outros pensamentos geniais, como descobrir que cagar no hotel não se compara a cagar em casa, decidindo logo alí que logo que chegue a Portugal vou cagar. E esta ideia leva logo a outra: arranjar uma estantezinha para pôr revistas no WC. Enfim, o que se chama mesmo ideias de merda.
Vou buscar uma cerveja e coloco-me numa zona onde não atrapalho a circulação. Ao meu lado está uma miúda gira. Diz-me hello. Eu digo Hello. reflicto comno continuar a conversa...perguntar-lhe o nome? dizer-lhe que o bar é fixe? elogiar o decote? pagar-lhe uma bebida? Fixe era convidá-la para jantar? fazia-lhe um prato especial...talvez um arrozito de polvo, com um bom vinho. Mas para isso tenho de limpar o apartamento, que deixei num estado lastimoso...Pois é! não estou em Portugal, por isso o jantar não dá...Talvez perguntar-lhe se vem cá muitas vezes - bem, isso é estúpido, vou-me embora amanhã. Epá! já não me lembro a que horas é o voo. Tenho que ver no papelito que me deram. Mas onde é que meti o papel? Haaa! pois foi, deixei-o em cima da TV. Por acaso, é uma pena não terem sic noticias no hotel, queria saber noticias de Portugal. Mas isso não faz sentido. Não deve haver muita audiência. Será que há portugueses suficientes aqui para haver um canal português? Afinal, já vi um restaurante Português aqui. Onde é que era? Já não sei...
Enquanto me perdia nestes pensamentos cannabicos, a miuda esperava a continuação da conversa. Devo ter demorado muito tempo calado a olhar para ela, porque encolheu o ombros e foi-se embora. Porra! Logo agora que eu dizer qualquer coisa. O que era mesmo? já não me lembro. Bem, vou beber uma cerveja.
Pouco depois, o namorado da N. vem ter comigo. Descobrimos uma admiração comum pelos The Cure. O resto da noite é passado a descrever concertos que se viram, primeiras músicas que se ouviram. O gajo é porreiro. Só é pena já não me lembrar do nome dele. Enfim, nada de grave.
A noite acaba lá para as 5. Mas pode ter sido mais cedo ou mais tarde. A minha percepção do tempo não existe. Vou de taxi para o hotel. Amanhã vou para Portugal. Tenho de ver a que horas é o voo. Mas onde é que está o papel? Tenho de descobrir antes de me deitar...

Fim

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