terça-feira, janeiro 25, 2005

No País das Túlipas #3

O trabalho acaba cedo. Sou convidado pela N., uma amiga holandesa para sair à noite. O destino é uma festa gótica. Digo logo que sim.
15h e já estou novamente no Oudergraacht, acompanhado por duas donzelas Lusas. Passeamos um pouco, compram-se waffles com recheio de caramelo (recomendo, especialmente se comprado num dos mercados ao ar livre ao pé do Hooj Catherine, o centro comercial com ligação à Centraal Station). Chove de vez em quando, aguaceiros de 5 minutos. Caiu até granizo durante algum tempo. O tempo não é propriamente o ideal para actividades ao ar livre.
Lanço o desafio: "E se fossemos fumar um skunkzinho?" A resposta é imediata e positiva. Acho até que estavam mesmo a pedir que eu falasse na inevitável visita a um Cofee Shop.
Lançamo-nos pelo canal à procura de um Cofee Shop, o mais antigo da Holanda, aberto em 1972, ou seja, 5 anos antes da lei que permitiu a venda semi-legal de cannabis naquele país. Conhecia-o de outra viagem - acho até que a descrevi aqui - quando lá fui com o I. e uma colega grega que ficou grega com o ambiente. Chama-se Sananim, Samsala, qualquer coisa começada por S, na parte de baixo do canal, ao pé de uma ponte. Tem uma placa preta, com o nome escrito a branco.
Andamos de um lado para outro, mas não consegui dar com o sitio. No problem: O Andersom coffee Shop ainda me lembro onde é. Lá fomos.
Compro dois charutos de skunk, já feitinhos, que não tenho muita pachorra para o fazer, na parte de cima, ao balcão. 2.5 Euros cada. Para os neófitos, o skunk nem é a variedade mais forte disponivel. Mas entre um sensimilha (variedade de erva sexualmente hibrida, logo mais fraca) e um white widow (o nome diz tudo: já a experimentei e adormeci 5 minutos depois, ainda com o cachimbo na mão) muito mais forte, fiquei-me pelo meio termo, até porque não sabia o grau de resistência da companhia. Uma delas, eu sabia que fumava de vez em quando. A outra diz que já fumou duas vezes, há muito tempo.
Descemos para o andar inferior. Muitas mesas, ambiente de pub agradável, jovens e menos jovens, 3 ou quatro duplas a jogar xadrez (pode-se pedir o tabuleiro no bar) enquanto fumam e bebem um chá. O bar ao fundo bem apetrechado: sandes e outros snacks, chás, café, refrigerantes, etc. Nada de alcool, que é proibido nos coffee shops. Excelente ambiente. O Piolho é muito mais desviante, por exemplo.
Acendo o primeiro charuto, que à 3ª passa faz o seu dever. Aquela calma e relaxamento típicos, a cabeça a funcionar a 300 à hora, a observar o que se passa à minha volta. Numas mesas conversa-se normalmente, noutras ri-se com vontade. Fala-se holandes. Não me parece que hajam mais turistas por alí, o que é optimo. Aviso à navegação: se há muita gente a falar inglês, é sinal de alerta - o coffee shop pode não ser o melhor. Evitem os Buldogs, em amsterdão, por exemplo. A cannabis muitas vezes é mais cara e de menor qualidade e o ambiente pior. Descubram onde vão os locais.
O skunk faz uma entrada em grande na minhas companheiras. Uma delas parece um verdadeiro Gato Fedorento. Passa duas horas a contar histórias que lhe vêm à cabeça, completamente hilariantes. Tem jeito, devia escrever humor para stand up comedy. Foram duas horas ininterruptas de riso. Às tantas peço-lhe para parar, que já não aguento as dores de barriga de tanto rir. Ela não consegue!! Pára durante 30 segundos e depois já está a disparatar coisas hilariantes sobre ela, sobre nós, sobre os outros clientes - gostei especialmente da frase "Uma mulher cerscida como eu aqui a curtir e....(olha em volta e fixa-se numa dupla a jogar xadrez)... Olha-me estes tipos !!! A fumar e a jogar xadrez! Estes holandeses são mesmo inteligentes!" Risota imediata.
Às tantas, lá se lembra de que está cheia de sede. Bebemos um chá quentinho, que cai maravilhosamente. E começamos a acalmar um pouco. Passaram-se três horas fabulosas, o que quer dizer que são 18.30 e ainda temos de ir para o hotel. às 19.30 vão-nos buscar para jantar e convém recuperar a compostura profissional, que o boss pode não achar piada a termos andado a fumar skunk. Os sinais de descida aparecem, com a vontade de comer a crescer. Para mim, que as minhas colegas continuam completamente fora. Lá manipulo a moca delas, acalmo-as, mando-as comer rebuçados para a coisa descer mais depressa. E decido que vamos a pé. O briol (talvez uns 4 graus) deve ajudar, assim como a caminhada. O segundo charuto fica com uma das colegas.
Meia hora de caminhada (fui pelo caminho mais longo, propositadamente), com as colegas a tentarem controlar a moca. Vão conseguindo, mas de tempos a tempos lá aparece uma asneirada que despoleta mais um ataque de riso. Deve ter sido a caminhada mais divertida da minha vida.
Chegamos ao hotel, dou-lhes umas instruçõezinhas de descida de viagem. Já estamos todos mais calmos, ainda divertidissimos, mas já com alguma auto-consciência pública.
às 20h estamos num restaurante belga, já com a N. que trouxe o namorado e um amigo, e o big boss. Ainda estou sob o efeito, mas só o relaxamento. Enquanto esperamos por mesa, bebemos uma cerveja belga - eu Duvel, claro está - e a moca da cannabis fica mais disfarçada, com a desinibição do alcool. estou com uma fome de leão. Comemos e bebemos tinto, conversamos sobre muita coisa. O big boss fala-me do I. Percebeu que eu sou amigo dele e então justifica porque teve de o despedir, dizendo ainda que teve pena de o fazer, pois o I., para além de ser realmente boa pessoa é ainda um excelente profissional - ou era, antes de escorregar no alcool.
Meia-noite. Estamos à porta do Ekko, o bar/discoteca onde é a festa gótica.
Pagamos 5 euros de entrada.
(continua no próximo capitulo)

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