terça-feira, setembro 28, 2004

País Surreal #6

Vejam lá esta história real que me contaram:

Há um projecto internacional a ser desenvolvido há coisa de 2 anos.
Esse projecto foi elogiado por técnicos de vários quadrantes, nacionais e internacionais, de várias áreas cientificas. Crâneos da área aplaudiram, de pé, o projecto.
Esse projecto é visto como essencial, necessário, no sentido de melhorar os cuidados de saúde numa determinada área, pejada de moralismos, práticas sem fundamento cientifico e com graves problemas ao nível dos resultados das intervenções feitas.

O organismo estatal envolvido neste projecto tem vindo a público apelar à investigação, à melhoria das intervenções, à implementação de boas práticas fundamentadas em investigação cientifica de qualidade. Os objectivos do referido projecto.

Os técnicos envolvidos no desenvolvimento do projecto têm demonstrado um profissionalismo a toda a prova, abdicando de tempo de lazer, aumentando a já excessiva carga de trabalho, aguentando com sucessivas mudanças, (des) reorganizações, incompetências e afins dos politicos que vão dirigindo (?) o referido organismo estatal, que é visto como "serviço militar obrigatório" e rampa de lançamento para a ascensão a secretário de estado ou ministro. Porque acreditam no projecto e trabalham para quem realmente precisa.

Aproximando-se a altura da apresentação dos primeiros resultados, do trabalho desenvolvido há 2 anos, o mesmo organismo determina, com a lógica do quero, posso e mando - não houve qualquer tipo de explicação - que técnicos envolvidos e indispensáveis sejam impedidos de comparecer em reuniões de trabalho. Há técnicos que ponderam seriamente abandonar o projecto porque estão fartos de serem tapetes onde outros colhem os dividendos do trabalho que não é seu, fazendo grande alarido do mesmo.

Assim se desmotivam técnicos capazes, que ainda não se renderam ao imobilismo e que ainda têm em mente o serviço público, não o serviço a si próprio ou ambições politicas.

Depois espantam-se que não haja produtividade, que as pessoas estejam desmotivadas, que não trabalhem, que não inovem. Como é que queriam que isso acontecesse quando parece que se é castigado por fazer bem o trabalho? Se não se é reconhecido pelo que se faz - extra-funções - e ainda por cima se é impedido de fazer o trabalho?

Esta foi a gota de água que fez transbordar o copo. A minha participação cívica vai mudar. Recuso embarcar neste tipo de funcionamento. Revolta-me, sinto-me mal comigo próprio se não tentar contribuir para a mudança deste estado de coisas em vez de me acomodar. Não queria contribuir para a mudança no seio de um partido político, mas cheguei à conclusão que é a única forma. Vou oferecer o meu trabalho, os meus conhecimentos, as minhas ideias a um partido que parece finalmente ter um líder a sério.
Não é de todo a opção que me agrade mais, até porque tenho anti-corpos a tudo o que sejam aparelhos partidários, se calhar até nem querem a minha colaboração, tenho a certeza que não tenho perfil para a política porque não gosto dos jogos que por lá se fazem, mas alguma coisa tenho de fazer, nem que seja por descarga de consciência.

Só espero não ser o único a revoltar-se de tal forma que opta pela luta em vez do desânimo. É que se isto não muda, mais dia menos dia Portugal chama-se Venezuela.

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