terça-feira, novembro 28, 2006

O homem sem cara

É uma peça da companhia Teatro Art' Imagem, com texto e encenação de Fernando Moreira, que nos deixa a pensar e nos leva por um longo caminho de emoções. Estamos a rir, para de repente pararmos, pararmos a respiração e ficarmos sem mexer um músculo que seja.

É sobre um homem que perde a cara num acidente e cuja vida se altera de forma dramática e cuja identidade se altera, imaterializa ou quem sabe desaparece. De que forma é que a nossa cara é reflexo e condicionante da nossa identidade.

Gostei da peça. Gostei do texto, dos actores, da encenação. Mas do que eu gostei realmente foi de ver ali espelhada uma das dúvidas que me acompanha: seria eu quem sou se mudasse a minha cara? Nesta era das plásticas, já dei comigo a pensar várias vezes se teria coragem para fazer alguma operação que me alterasse um milímetro que fosse da minha expressão facial. A resposta tem sido sempre negativa, porque sempre achei que poderia perder a identidade. Seria eu a mesma sem a minha enorme boca? Ou sem as minhas rugas em volta dos olhos? Penso que não. Penso que poderia ser outra pessoa se me olhasse para o espelho e visse outra. Apesar da peça não acentar neste pressuposto, fez-me voltar a pensar nesta questão que me ocupa o quadrante das dúvidas que não interessam a ninguém, mas sobre as quais eu penso.

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