Crónicas de uma rapariga gira sem namorado aos 30 anos # 71
À tempos estava já não sei com quem, nem a propósito de quê, a conversar sobre uma reportagem em que mulheres descreviam as suas vidas de sucesso a nível profissional e de que forma dispensavam ter relações de intimidade duradouras. Nessa reportagem, as entrevistadas falavam sobre a liberdade que sentiam em sair, engatar um gajo e irem para a cama com ele, apensas pelo desejo físico; diziam que eram felizes assim e que não queriam outro tipo de vida.
A pessoa com quem eu estava e que não faço ideia quem seria, começou a defender essas mesmas ideias. Eu nem por isso.
Acho que as pessoas em geral precisam de relações de intimidade. Acho que em geral ninguém vive feliz apenas com vida profissional e relações superficiais. E também acho que às vezes este tipo de discurso pode esconder frustrações, desejos não concretizados, falsos objectivos, auto-enganos... E em alguns casos, pode até ser verdade. Mas eu desconfio da veracidade destas resportagens em que as pessoas dizem que são muito felizes sem relações próximas e de intimidade e que as carreiras lhes bastam para preencher as suas existências.
Eu, posso falar apenas por aquilo que sinto. Também posso falar por aquilo que normalmente estes discursos escondem. E obviamente posso dar a minha opinião, mesmo sem ter sido pedida.
Eu gosto muito de viver sozinha. No entanto, sinto falta de ter um namorado. Sinto falta de ter um relação estável e de partilhar ideias, sonhos, piadas, choros e mimos. Sozinha não me sinto totalmente satisfeita, nem preenchida. Mas não ando desesperada à procura de namorado. (Por vezes confundem-se essas duas coisas: pode andar-se desesperado ou pode dizer-se que se gostava de ter.) Parece-me, igualmente, que nem sempre é simples admitir que se quer estar apaixonado por alguém, que também esteja apaixonado por nós. Talvez doa menos, convencermo-nos de que não queremos isso. Talvez. Talvez. Apenas possibilidades num sem número de explicações para o que sentimos.
Para terminar: este foi provavelmente um dos anos mais infelizes que tive neste âmbito. Curiosamente acho que nunca tive tantos homens a seduzirem, mas... Paixão, envolvimento e crescimento em relação? Não tive nenhum e sinto a falta.*
*agora com esta crónica, as más línguas podem finalmente dizer que eu admiti que quero um namorado. LOL.
5 Comments:
Eu sempre defendi que há uma diferença entre ter namorado/a e ter uma relação estável, apsar de uma coisa não invalidar a outra. Apenas acho que quando se procura um relacionamento estável, acabamos por cair no erro de não conseguir olhar para a outra pessoa como um ser humano, mas sim como alguém que existe para nos dar algo, ou para nos fazer sentir bem. E acho que amar é muito mais do que isso.
Eu identifico-me com o sentimento que descreves, e se calhar conseguir despertar regularmente interesse alheio, faz com que seja mais exigente em deixar fugir as minhas emoções. Como se costuma dizer, é fácil falar com a boca cheia. Quando isso não acontece, acho também mais fácil cair na ansiedade e no tal desespero que falaste.
Acho que ninguém nasce com o intuito de estar sozinho. E se calhar são as pessoas que viveram seus amor(es) mais intensamente no passado, que mais necessidade têm de se resguardar no presente. Porque existem dores e desilusões que não se esquecem jamais. E vive-se neste meio termo entre o dar e o guardar, com uma esperança secreta de um dia voltar a acreditar naquilo que um dia já nos fez mover.
Bela crónica como sempre.
Beijos
Finalmente admitiste que queres um namorado! ;)
Eu sabia ! Disse-o desde o início. Venci !
E no entanto este é um triunfo amargo que embrulha a tua tristeza.
olá! tu queres um namorado e eu quero uma namorada! mas até eu ter um novo Amor, vai demorar algum tempo. não é de um dia para o outro que se tem uma namorada! beijos
Mas qual é o mal de querer ter um namorado? Qual é o mal de querer amar e ser amado/a?!
Vergonha?! Fragilidade?!
Pelo contrário, manter uma relação estável hoje em dia não parece ser fácil. Além disso, há quem já diga que actualmente é dificil acreditar no amor!
Viver sozinho/a acho que é uma opção válida e gratificante. é sempre enriquecedor saber apreciar a liberdade e a solidão, no sentido de auto-conhecimento e paz interior.
Tal como a realização profissional, a expansão intelectual, a integração social, etc, ... a satisfação afectiva, fazem parte da busca humana. Na minha opinião, insubstituiveis, e complementares.
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