segunda-feira, julho 10, 2006

crónicas de uma rapariga gira sem namorado aos 30 anos # 60

Não consigo deixar de escrever sobre um diálogo do filme que falei na sexta-feira. Andei a repeti-lo durante todo o fim-de-semana a todas as pessoas com quem me cruzei. Parecia quase que queria fundar uma espécie de corrente sobre o assunto. È um aspecto sobre o qual penso muitas vezes.

“- Estive casado 50 anos com uma mulher que não amava e viajei muito com ela. Agora que amo uma mulher fantástica, não posso viajar porque ela está a morrer.
- Realmente é uma pena! Devia tê-la conhecido mais cedo!
- Talvez não…. Talvez tivesse precisado de 50 anos para aprender a amar uma mulher assim…”

Penso nisto tantas vezes. Penso no facto das pessoas se encontrarem em alturas que ainda não estão preparadas para se amarem. Penso no facto de andarmos sempre a cruzar-nos com pessoas que poderiam ser aquela pessoa que se tornariam no grande amor da nossa vida. Mas depois existe esta questão temporal que pode não estar em consonância. Às vezes até me parece que mais importante do que a outra pessoa é esta questão do timing. Encontramos pessoas que poderiam ser importantes para nós, mas nem sempre estamos preparados para as amar. Existem pessoas que passam uma vida inteira para perceber quem é que amamos realmente e para nos prepararmos para esse AMOR. Outras pessoas percebem muito cedo e vivem em comunhão com isso. Algumas nunca percebem e morrem sem conhecer esse amor.

O diálogo do filme fez-me lembrar uma conversa que tive há alguns meses com um amigo. Na hora em que a Itália foi consagrada campeã do mundo de futebol, lembro-me que o conheci num jogo do Europeu em 2004. O meu amigo que também é amigo dele, disse que me tinha acabado de apresentar o “homem da minha vida”, apesar de eu ainda não saber. Agora riu-me do que se passou desde então. Eu, presa a um passado sempre muito presente não fui capaz de perceber nada. Não fui capaz de deixar que o presente se tornasse em nada mais do que saudade do que não foi. O meu amigo continua com pena de eu ter perdido o “homem da minha vida”, porque acha que nunca conheceu duas pessoas que encaixassem de uma forma tão perfeita quanto nós. Tenho de admitir que de todas as situações arranjadas por amigos, esta foi a única que me fez vacilar. Esta foi a única que estava em cena alguém que tinha mexido comigo. E agora que o sei de partida para a única cidade europeia onde eu sonho viver, penso que se não estivesse tão presa a um passado que me parecia perfeito, talvez o tivesse sabido amar. Tem piada, porque acho que de facto ele corresponde a quase tudo o que eu desejaria em alguém para estar a viver perto de mim a minha vida, mas não foi o timing. E agora? Agora é tempo de deixar passar o tempo.

4 Comments:

At 6:22 da manhã, julho 11, 2006, Blogger The Boy with the thorn in his side said...

gostei do que escreveste!
Tanto que nem vou comentar!

Beijo!

 
At 2:03 da tarde, julho 11, 2006, Blogger Fabiana said...

Se não era o homem certo naquela altura (devido às circunstâncias) então é porque não o seria mesmo... Não sei...

 
At 1:44 da tarde, julho 12, 2006, Anonymous Anónimo said...

Olá! É impressionante como me identifico com tudo aquilo que escreves! Esta também é uma questão sobre a qual reflicto de vez em quando...

 
At 6:40 da tarde, julho 12, 2006, Blogger Elentári said...

Boa crónica! Também penso nisso de vez em quando, mas evito. A questão da temporalidade, timings e afins levanta muitos "ses" confundem-me e envolvem-me numa espiral de hipóteses por comprovar. Pode ser doloroso...

 

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