domingo, maio 21, 2006

Crónicas de uma rapariga gira sem namorado aos 30 anos # 55

Na sexta – feira ao fim da tarde fui ter com um amigo a uma das esplanadas à beira mar desta cidade encantadora. Depois de uma semana de trabalho sabe bem beber uns finos, pensando apenas em nada. Pensamento vazio para receber o que quer que nos tragam. O meu amigo trouxe mais três amigos. Conversa-se sobre nada, dá-se uma passagem ligeira nas novidades, fala-se um pouco de trabalho e, quando já não existem assuntos nobres para falar, sobra o futebol ou o sexo. Como o Mundial ainda não começou optou-se pelo sexo.

A certa altura decidi apresentar uma das minhas teorias do amor e consequentemente do sexo. Eu defendo que numa relação de muita confiança, com um bom entendimento sexual entre os parceiros e, espíritos evoluídos, possa existir um acordo tácito de qualquer um dos dois ter sexo com outras pessoas. O acordo pode ou não ser usado. O acordo deve obedecer a regras. Regras essas que têm de ser respeitadas ao mínimo pormenor. As relações extraconjugais (vou chamar-lhes assim para facilitar) devem assentar essencialmente em atracção física, nas quais não se procura amor, mas apenas prazer. O amor é o lugar sagrado da relação conjugal (também chamada assim para facilitar as interpretações). Não devem ter uma periodicidade demasiado grande. Não se partilham pormenores das relações extraconjugais com o parceiro, porque as experiências são individuais e uma relação de confiança aceita estes pequenos segredos. Faz-me lembrar a máxima de que o segredo é a alma do negócio. E aquela máxima que aquilo que desconheço não me pode magoar. Para concluir, o único objectivo é permitir que as pessoas se sintam livres de viver a sua sexualidade mesmo estando numa relação. No entanto, este acordo tácito não deve ser uma desculpa para se ter um parceiro que não nos deixe sentir sozinhos e a partir daí andarmos à procura daquele grande amor que todos os sonhadores têm a esperança de encontrar. Também não deve servir de desculpa para sermos Don Juan, no feminino ou no masculino. Serve apenas para nos livrar do compromisso obrigatório e nos deixar sentir livremente o comprometimento. Parece-me ainda que se houver um grande entendimento entre as duas pessoas, o acordo tácito será “accionado” poucas vezes ao longo da relação. Com este, o fruto proibido deixa de o ser e assim, deixa de ser tão apetecido.

Claro que eles acharam espantoso que eu pensasse como um homem… Mas eu não sei bem se eles pensam assim. Tenho as minhas fortes dúvidas.

No final perguntei se eles eram capazes de terem uma relação que implicasse este acordo tácito. Um deles disse logo que não. Que quando ama uma mulher é demasiado possessivo. O outro respondeu que quando ama alguém, pode sentir tesão, mas que consegue pensar antes de agir. Um ficou-se por deixar apenas no ar que seria capaz. E o último disse que seria capaz de tudo. Estamos a falar de homens evoluídos. Com idades um pedaço acima dos trinta e com uma experiência de vida considerável.

Claro que uma relação tal qual a descrevi, implica uma grande maturidade de ambas as pessoas. E implica também um desprendimento total do sentimento de posse. A desconfiança e o ciúme cresce a partir da insegurança relativamente ao amor, assim como de uma espécie de sentimento de posse da alma e do corpo da outra pessoa.

A piada da situação é que fiquei com a sensação que nenhum dos quatro se arriscaria a ter uma relação comigo. Pareceu-me que qualquer um deles me ficou a achar muito atraente, interessante e talvez excitante, mas que não seria capaz de ir mais além do que isso. Acho que enquanto defender estas ideias não abandono o estatuto de rapariga gira sem namorado aos 30 anos! O medo daquilo que parece ser impossível é terrível. A minha carta astral (risos!!!!) bem que dizia que se eu pudesse inventava novos tipos de relações de amor… Será? A única coisa que eu anseio é a plenitude em todos os aspectos. Com ou sem acordo tácito... Porque cada relação é uma relação.

9 Comments:

At 12:17 da manhã, maio 22, 2006, Blogger Castromind said...

Nunca usas a expressão, mas com acordo tacito ou sem ele o que estas a falar são facadinhas na relação.
Ora elas podem existir naturalmente, existindo acordo ou não, quando a ocasião faz o ladrão. O futuro da relação só esta dependente se depois quando chegas a casa se vais continuar a tratar o teu companheiro da mesma forma que o tratavas antes. Com um acordo tacito desses arriscas-te a estar com alguem que vais começar a concluir que te dará mais do que o teu companheiro, e arriscas-te a que a tua relação começe a deteriorar-se.
Quando se chega à altura do acordo tacito, é porque ja algo pode perspectivar uma especie de facadinha. Um desejo de experimentar algo diferente ao companheiro que temos, que á partida nos devia completar em todos os aspectos. Se existe esse acordo tudo fica mais facilitado. Mas os riscos são os mesmo do que se não existisse o acordo.
A fazer tal acordo, eu preferiria, a transparencia de informar o nosso companheiro/a com quem esteve, em que circunstancias e como foi. Ou seja , se numa relação a determinada altura tive necessidade de dar a facada, por experimentalismo ou por necessidade de algo diferente, ou por pura circunstancia do momento, preferia informar a parceira dessa situação (lá esta, se houvesse o acordo tacito, pois se não houvesse era melhor estar calado).
O importante é continuar a cimentar a propria relação. Se aprendeu algo fora dela, deve transmitir a experiencia para dentro da relação.
Já agora não me acredito que os teus amigos maduros e experientes tenham dito a verdade, com a excepção do disposto a tudo, porque esta na natureza das pessoas experimentar, e se houvesse acordo tudo estaria mais facil. Ficou tambem por dizer se eles tinham alguma relação sólida. Pois se calhar falam com a barriga cheia, ou seja, tem relaçoes temporarias ou amigas coloridas, que nem os obriga a ter qualquer acordo.
Sites de trocas de casais não faltam pela internet. É outra forma de invenção de relação amorosa.
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Completamente diferente:
Saimos com o nosso companheiro/a e nessa noite somos irmãos. Ela escolhe a miuda que gostaria de me ver foder. Eu escolho o homem para ela. Ambos ajudamo-nos mutuamente a concretizar esta situação. Às vezes fodemos outras nao. Se não fodemos com as pessoas que escolhemos, então fodemo-nos um ao outro.
Se fodermos , no outro dia perguntamos como é que foi.
Lá está... inventei agora toda esta situação, mas é mais uma forma de amor inventado.
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A ver o Filme:
Closer - Perto Demais

 
At 12:30 da tarde, maio 22, 2006, Anonymous Anónimo said...

Acordar é sempre difícil. Normalmente está-se com sono. Mas não deixo de, tacitamente, estar de acordo.

Alex

 
At 6:45 da tarde, maio 22, 2006, Anonymous Anónimo said...

... PEÇO DESCULPA PELA LINGUAGEM MAS NÃO SEI CHEGAR À MINHA IDÉIA DOUTRA FORMA ...


Eu sou o tal que levou a pequena para uma esplanada com quem ia lá estar com uns amigos... e ainda o tal que não se quis comprometer...

... e que se continua a não querer comprometer. E não o faço por pudor e/ou cobardia... não o faço porque penso que nada disto vale na teoria!

Quando "teorizamos" temos que ter capacidade de abstração total da realidade senão, obviamente, as coisas se complicam.

Ora, eu sou abstracto mas não me abstraio de nada (mesmo que aparente fazê-lo)... na realidade de tacito tenho a experiência. E a experiência (de que eu não me consigo abstrair) diz-me que ninguém diz a ninguém "Apetece-me foder" e de seguida dá uma queca com quem lhe surge à frente.

Na realidade a frase chave disto tudo é: "Apetece-me foder CONTIGO".


Ou seja; ninguém é 100% carnal, sexual, libertino e corporal... busca sempre um ponto de referência na(s) outra(s) pessoa(s)... sejam um corpo, um olhar, uma frase, um toque... qualquer coisa, da mais básica à mais forçada; da mais futil à mais elaborada; MAS a realidade é que o CONTIGO existe em 99,9% dos casos.

Se ele existe logo existe o risco. E o risco aqui, pode ir da falta de tesão ao envolvimento afectivo e emocional.

E isto, desculpem a opinião, é um risco demasiado grande que não me apetece correr...

... e que eu duvide que a menina dos caracois se dispussesse a correr...

 
At 7:17 da tarde, maio 22, 2006, Anonymous Anónimo said...

Só homens é que falam sobre isto?!?

 
At 12:22 da tarde, maio 23, 2006, Anonymous Anónimo said...

Pois...acho que o assunto é complicado!
É muito fácil falar quando não se está realmente numa relação desse tipo.
Para mim jamais iria dar certo. Não porque seja demasiado possessiva, mas porque acho que não consigo separar o sexo do envolvimento afectivo e ia estar sempre a pensar se me estaria a apaixonar, se já não gostava da pessoa com quem estava, etc.
Outro aspecto é o de não conseguir mentir e sempre que isso acontecesse, lá ia eu contar, porque era o que gostaria que fizessem comigo. Mas se a pessoa com que eu estava tinha tido essa vontade, ou necessidade, lá vinha a minha insegurança e novamente questões: será que já não estamos bem sexualmente? será que a outra era mais interressante do que eu? foi só por ela ser mais gira?
AIIIIIIIIIIIII.DAVA EM DOIDA.
Isto não quer dizer que eu não ache que, uma vez, sem exemplo este tipo de coisas não possa acontecer. Pelo contrário, acho que pode e a relação pode sobreviver, mas se acontece muitas vezes será que sobrevive?
acabo como comecei....é muito complicado.

 
At 12:24 da tarde, maio 23, 2006, Anonymous Anónimo said...

Eu sou a anónima anterior.

 
At 3:42 da tarde, maio 23, 2006, Anonymous Anónimo said...

Que comentários tão compridos para uma crónica tão limpida quanto longa; tão honesta quanto decidida!
Derivações para quê, se estamos simplesmente perante uma Devassa Cristalina!!! E das boas, porque é livre e cultiva o género. o título das entradas é só um engodo. Na realidade
Mulheres assim não têm namorado porque 1) ainda não o pretendem 2)não há muitos gajos com pedalada requerida e 3) parce que é bem mais divertida assim!!!

Marina, cara amiga, o Joao está contigo!!!Que saudades do meu tempo de devasssa!!

 
At 8:07 da tarde, maio 23, 2006, Blogger Elentári said...

Olá!
Pois bem, eu seria capaz de ter esse tipo de relação, mas teria que ser com alguém muito igual a mim, ou seja, alguém que soubesse muito bem o que queria e que soubesse que o jogo tinha algumas regras. Além disso tinhamos que estar emocionalmente muito sincronizados e jogar sempre pela equipa da casa, isto é, não procurarmos outras pessoas com pretensões românticas ou para nos apaixonarmos. Seriam experiências físicas e nada mais, situações pontuais que não deixariam rasto na nossa vida. Não me vejo, por exemplo, a dizer "olha hoje vem cá o João tomar café, sabes, aquele com quem estive no ano passado. Pois é, temos trocado uns mails e...".
Na teoria concordo em pleno com este conceito de relação, mas nunca o vivi para comprovar se lidaria suficientemente bem com ele. Mas acho que abre muito boas possibilidades para quem queira ter uma relação estável e durável.
Para mim exigiria ter uma pessoa quase perfeita, e se ele andar por aí, pois bem, podemos experimentar. ;)
Mas sei que comigo esse tipo de situações não poderiam acontecer com muita frequência, e acho que este tipo de acordo não é para pessoas doidivanas. Bem pelo contrário. Acho que é mais para quem encara com muita seriedade uma relação, mas não fecha os olhos à circunstância humana, isto é, sabe que ele próprio, tal como o outro pode ter momentos de atracção tão forte por outras pessoas, que pode pôr tudo a perder se não for respeitado. E podia escrever muito mais... mas corro o risco de te fartares de ler. :)

 
At 6:00 da manhã, maio 26, 2006, Blogger bonifaceo said...

Bem, eu sou menor de 30 por isso a minha opinião não conta porque não sou maduro o suficiente... lol.
Mas pus-me a pensar à mesma na situação, claro que uma gaja boa é uma gaja boa, mas se namorasse seria com uma gaja boa e por isso não ia precisar das outras :D. MAs pensei, e se eu até me sentisse atraído por outra a nível físico? "Consentiria" a mesma possibilidade à minha namorada? É pá...
Só sei que isto realmente gera comentários enormes, pronto, fica por aqui.
Beijos.

 

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