terça-feira, janeiro 17, 2006

História de um fumador #1

Antecedentes históricos

Depois de um periodo em que era um antitabagista primário (praí até ao 11º ano)- daqueles mesmo chatos - houve uma altura em que decidi começar a fumar. Pura estupidez, claro, mas achei que andar de cigarro na mão podia ajudar a aproximação àquele grupo de miudas todas boas, desviantes (para padrões de uma escola secundária nos inicios dos anos 90, numa das regiões autónomas), que se juntava nos intervalos. Afinal, já andava de botas doc martens, já usava t-shirts do Jim Morisson e dos Bauhaus, já tinha uma queda para a roupa preta - sim, tive uma fase pseudo gótica versão indie rock britânico (ahhh que saudades da descoberta dos Jesus & Mary Chain)- Já andava com o Nietzche debaixo do braço (adorava a cara das velhotas e dos empregados de café quando liam o título " O Anti-Cristo" no livro que pousava na mesa), até compreendia os rudimentos de Kant e de Hegel (por alguma razãp me tornei depois construtivista), detestava o Kierkegaard, considerava-me de esquerda, embora lêsse (épa, aqui fiquei na dúvida: é lêsse ou lê-se?)religiosamente o "Independente" (volta Paulo, tás perdoado) sempre com a resposta preparada "é para ver como o inimigo funciona", caso alguém topasse a suposta incongruência de ler um jornal de direita e dizer-se, pomposamente, de "esquerda democrática".
Bem, mas ia nas gajas fumadoras. Mesmo com o meu mau jeito a pegar no cigarro e a fumar, depois de uns dias em que os olhares se tornaram mais calorosos e sorridentes, do tipo "olha aquele tipo do 11º A. Parece ser out como nós, fuma e anda com t-shirts dos Doors", começaram a cumprimentar-me com um sorriso, com um olá e pouco depois, já de beijinho. A coisa corria de feição. Mas eis que, concomitantemente (adoro esta palavra, tinha de metê-la por aqui) a estes desenvolvimentos, me ia apaixonando por uma colega de turma. Absolutamente oposta. Mais do estilo menina bem (embora gostasse de boa música), um pouquito queque e um ou dois anos mais velha, que já tinha namorado com um gajo qualquer que estudava em Lisboa na Universidade - este era, na altura, um factor de status importante no nosso micro-cosmos liceal - e, era anti-tabaco.
As minhas duas semanas de fumador "cool" acabaram quando ela me disse "não acho piada nenhuma que andes praí a fumar feito estúpido". Não deixei as roupas, mas deixei de fumar. Porque ela não gostava e porque achava aquilo estúpido e não havia pior insulto que duvidar da minha inteligencia.
Uns tempos depois começamos a namorar e não foi dessa que caí na toxicodependência, embora fumasse umas ganzas (poucas) às escondidas dela, (pior que tabaco só mesmo "droga" e ficar bebâdo) de maneira que ia controlando as coisas (a primeira na perfeição, a segunda nem por isso. Aliás, foi absolutamente desastroso, apanhava-me sempre naquelas alturas em já nem via bem quem estava a falar comigo a me foder a cabeça porque "tresandas a álcool! nem penses em me beijar!" e já estava com aqueles arrotos estilo coito interrompido - "o ar não sai e se sair vem com mais alguma coisa" - que prenúnciam o dilúvio gregoriano - do verbo "chamar o gregório").
De qualquer das formas, a verdade é que foi ela que evitou que me tornasse fumador com 16/17 anos. Ia começar a fumar por causa de gajas, deixei de o fazer por causa de uma gaja - que, já agora, tirando as tendências fascisoides em termos de saúde, era absolutamente fantástica em todo o resto e de quem, ainda hoje, volta e meia me lembro com muito carinho.


(próximo capítulo: "que fixe! fumando consigo beber mais cerveja!"

7 Comments:

At 12:56 da tarde, janeiro 18, 2006, Blogger salomé said...

Comentando sem comentar, digo que gostei do post. Que sirva como reforço!

 
At 3:12 da manhã, janeiro 19, 2006, Blogger bonifaceo said...

Hum, não te tornaste fumador naquela altura, mas agora és, certo?
Nunca fumei e dava-me sempre mais ou menos bem com o grupo que fumava, aliás, nunca houve muito essa separação no meu tempo.
E já que perguntaste, acho que naquele caso é lesse (sem acento :D).

 
At 10:27 da manhã, janeiro 19, 2006, Blogger Luna said...

É "lê-se"!!

 
At 5:25 da tarde, janeiro 21, 2006, Blogger bonifaceo said...

Não, é "lê-se", em frase tipo, isto lê-se assim ou assado. Quando estás a usar o verbo no passado como naquele caso acho que é "lesse". Mas não tenho grande formação na área por isso não posso falar muito :D.

 
At 9:04 da tarde, janeiro 21, 2006, Blogger a said...

(Estou com o boni... acho que nesse caso é lesse!)

Eh! Eh! Tb era completamente anti-tabaco até aos 16/17! Mas não tive a sorte de ter um namorado que me melgasse o miolo por causa disso! Ainda hoje fumo, pouco agora que já fumei qs 1 maço por dia, e realmente sinto-me cada vez + estúpida para não dizer pobre não só de espírito! Bem... vou passando por aqui para ver qd sai essa sobre a cerveja e o fumo! Inté

 
At 10:06 da manhã, janeiro 23, 2006, Blogger Luna said...

Já estou toda baralhada!!! :))

 
At 4:32 da tarde, janeiro 23, 2006, Blogger Alexandre said...

Mas o que se passa afinal?!
"Lesse"???
Mas isso existe em alguma parte deste planeta?!?!

LOL

 

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