Foi num dia assim

Foi num dia assim há muitos anos.
Era um daqueles que já bebia a esta hora e passeava um chapeu de papel já carimbado por inúmeras bengaladas.
E surgiste correndo e saltando para os meus braços, molhando os teus lábios nos meus.
Poucos dias depois acabou tudo. Por minha opção.
Eu fui para um lado, tu para o outro.
Volta e meia tentava recuperar o que tinha estupidamente deitado fora.
Não consegui e tu deste o nó.
De nó na garganta fico sempre nestes dias em que o Porto fica intransitável. Uma vez por ano. Sempre com o mesmo nó na garganta. E a recordação dos teus lábios nos meus naquele beijo que irei lembrar para sempre.
Convém recordar estas coisas. E ver que que os momentos decisivos de uma vida raramente são identificados como tal na altura.
Nesse mesmo dia disse-te e escrevi na tua T-shirt, alí na mama esquerda, aquilo que hoje recordo como uma das frases mais verdadeiras que alguma vez proferi ou escrevi. Eu Amo-te.
Triste sina esta, de tomar estas opções, deixando-as marcadas por um acontecimento grado da cidade do Porto. É castigo divino ter de acordar sempre na terça-feira de Queima das Fitas e recordar um belo amor que desperdicei. Mereço a penitência.
Quem seria, onde estaria, se não tivesse ido por esse lado? Nunca o saberei. Mas sei que para o ano, numa terça-feira de Maio, recordarei o teu amor. De forma a não cometer o mesmo erro nunca mais.