silêncio
Silêncio. Será que compreendem a necessidade do silêncio de apenas escrever? Não me apetece falar. Apetece-me sentir. Apetece-me ouvir música tão alta que cale os gritos que estão a fazer eco na minha cabeça. Dançar como ritual a um Deus qualquer. E tudo isto no silêncio de não ter que explicar os porquês do meu silêncio. E sorrir perante o silêncio. Sonhar no silêncio sem se ter que explicar “o quê”.
Não me apetece falar sobre nada. Apenas pensar e sentir o que penso. Será que compreendem o quanto as palavras azedam a nossa existência? Será que entendem que a linguagem das emoções vai para além das palavras limitadas pelo nosso vocabulário pobre para as expressar? As emoções são essencialmente silêncio. Aquele que perdura no tempo que não possuímos nem conhecemos. Sentimos e sabemos que existem, mas não conseguimos explicar e por isso o silêncio.
Talvez por isso o silêncio seja tão incomodativo para algumas pessoas. Partilham as emoções aos olhos atentos. Deixam cair o pano do espectáculo que encenam. A melhor descrição de alguém que quis estar em silêncio, li-o n’ “A casa dos espíritos”. Como acontece na maior parte dos livros latino americanos que li, lá eles enquadram a realidade num mundo fantástico que chega às nossas emoções quase em estado puro.
Estar em silêncio. Essencialmente poder sentir sem encontrar explicações, porque falar implica encontrar lógica que nos ponha em contacto com o outro e isso afasta-nos do que estamos a sentir e do contacto entre almas. Deve ser por isto que estar em silêncio com algumas pessoas é tão reconfortante: o contacto entre almas.
E um dia apetece-nos falar. E fala-se. Sobre o que se sabe e sobre o que se quer aprender e aí as pessoas à volta acham que voltamos a estar normais, como se a normalidade não fosse também estar em contacto com as nossas emoções que fazem o colorido de todo o cenário. Imaginam um cenário monocromático?
(banda sonora: “Jóga” – Bjork)
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