domingo, outubro 21, 2007

A Desilusão de Deus


Título mal traduzido - "delusion" é mais "Ilusão"...
Mas de qualquer forma informo que a edição portuguesa de "The God Delusion" de Richard Dawkins, livro que já aconselhei aqui há uns tempos e que recomendo, já está à venda. Vi-o ontem na Bertrand, por exemplo.
Edição da Casa das Letras

11 Comments:

At 12:46 da manhã, outubro 24, 2007, Anonymous Anónimo said...

Ao aperceber-me que tinham publicado o livro em português, tive logo que ir ver o título para ver a palavra que tinham escolhido para "Delusion".
Logo encontrei "Desilusão".
De repente senti que a tradução tinha ido por água abaixo. Desilusão, na minha cabeça, e provavelmente na mente de muita gente quando passar os olhos pela capa, significa 'desapontamento', como em :
"O filme foi uma desilusão."
A escolha desta palavra para este livro faz parecer que Deus está desapontado, e provavelmente as pessoas pegam nele para ver porque é que Deus está desapontado.
Outra maneira de ler o título é "O cientista foi à procura de deus e não o encontrou, e isso para ele foi uma desilusão, um desapontamento."
Foi isto que me passou pela cabeça quando vi o título, mas conhecendo Dawkins, não haver deus é o oposto de desapontamento. E foi isto que me fez pensar "Vocês não perceberam a mensagem do livro, seus incompetentes!"
Mas claro, fui ver ao dicionário 'desilusão' e lá estava, pondo agora por palavras minhas "Ser tirado de uma ilusão."
Posto deste modo faz sentido a escolha da palavra.
"Ser tirado da ilusão de deus" seria um título comprido, mas agora acho que foi uma boa escolha de palavras.

Um abraço
João

 
At 10:48 da tarde, outubro 27, 2007, Anonymous Anónimo said...

Os meus cumprimentos.
Enquanto tradutora da obra quero só dizer que o título é da total responsabilidade da editora. E foi um bico de obra.
Não era o que queríamos mas devo concordar que depois de reflectir um pouco ele acaba por espelhar o conteúdo do livro.

Um bem haja.

 
At 4:25 da tarde, outubro 28, 2007, Anonymous Anónimo said...

A sério que foi uma das tradutoras do livro?
Se sim queria saber o que é que achou do livro...sempre pensei o que iria na cabeça dos tradutores enquanto se movem pelos livros que traduzem.

 
At 5:48 da tarde, outubro 30, 2007, Anonymous Anónimo said...

Ando há muito tempo à procura de uma palavra adequada para traduzir "delusion", no sentido que acho que o Dawkins se queria referir. Acho que o sentido é este:


A delusion is commonly defined as a fixed false belief and is used in everyday language to describe a belief that is either false, fanciful or derived from deception. In psychiatry, the definition is necessarily more precise and implies that the belief is pathological (the result of an illness or illness process). As a pathology it is distinct from a belief based on false or incomplete information or certain effects of perception which would more properly be termed an apperception or illusion.

Na minha interpretação - e acho que na do dwakins também já que ele se refere à ideia de Deus como crença irracional, como "virus" e quase a raiz de muitos males , quase como patologia - desiluão não é bem o termo, ilusão também não, embora esta última me pareça mais adequada. Mas não sou tradutor e ao que parece, o título nem é opção dos tradutores.
Este pormenor não é suficiente para prejudicar o livro, mas que dá uma ideia errada do conteudo , isso dá. O Dawkins não está desiludido com Deus, o Dawkins acha que Deus é uma crença falsa e perigosa. Mas mesmo isto não explica bem o que ele quer dizer, já que o termo aproxima-se do conceito psiquiatrico de "delusion". Ó diabo, falta-me a palavra certa em portugues!!

 
At 5:54 da tarde, outubro 30, 2007, Anonymous Anónimo said...

Delírio talvez seja a palavra que procuro. Mas aí o título teria de ser Deus como delirio, já que o delirio de deus podia remeter para que deus estivesse a delirar, quando quem delira somos nos.

 
At 9:42 da tarde, outubro 30, 2007, Anonymous Anónimo said...

Boa noite,

A nossa sugestão foi realmente "ilusão" embora fosse uma solução que não nos deixava satisfeitas. Não desgosto totalmente de desilusão. A palavra original é tão boa e falta-nos o termo que espelhe na perfeição tudo o que ela implica.
Respondendo à pergunta, o livro foi traduzido por uma crente e por um descrente. Sendo eu a crente, foi muito interessante proceder a uma tradução deste teor. Dei comig algumas vezes a pensar: "Caramba, não deixa de ter razão". Mas talvez seja realmente um "virus of the mind" já que continuo tão crente como era. Mas gostei imenso.

Um bem haja.

 
At 8:43 da tarde, novembro 18, 2007, Anonymous Anónimo said...

Eu chego aqui duas semanas depois, por efeito duma busca no Google, e fico verdadeiramente estupefacto com o que leio.

Delusion é ILUSÃO, ENGANO (como em "doce ilusão, ledo engano"), quimera, talvez ainda fantasia, devaneio, delírio. NUNCA desilusão! A tradução é realmente má, inacreditavelmente má. Este título é um escândalo. Vou informar o autor, Richard Dawkins, sobre o que se passa com o livro dele em Portugal e espero que ele exija uma nova tradução e a retirada da actual de circulação.

Desilusão é quando uma ilusão é desfeita e desaparece. Para Dawkins, Deus é a ilusão, o engano, a quimera. É disso que aqui se trata. Não entendo que se possa dizer que delusion "não é bem" desilusão... Delusion não é ABSOLUTAMENTE desilusão! Nunca foi nem nunca será.

Com a tradutora a confessar que é crente, não me admiro que este tenha sido o resultado. Ela diz que a culpa não é dela, porque tinha proposto "Ilusão". Não concordo. A tradutora não devia permitir tal atentado ao seu trabalho. Devia ter batido o pé ao editor. Mas claro, quando se é crente, tem-se medo do ira divina, não é, senhora tradutora?

 
At 9:31 da tarde, novembro 19, 2007, Anonymous Anónimo said...

Os meus cumprimentos,

Ora bem, "delusion" ultrapassa e muito uma mera ilusão ou um mero engano, podendo mesmo chegar ao foro psiqiátrico.
E sim, concordo plenamente que a escolha do título não é totalmente feliz. Digo escolha e não tradução porque foi disso que se tratou. Lamento é que o caro leitor, que me parece algo conhecedor de filologia, desconheça os meandros das editoras nacionais. Um tradutor faz o seu trabalho, vende-o e depois o dono faz dele o que quiser. Não estou a imaginar um vendedor de automóveis atrás de um cliente a barafustar por este ser adepto do "tuning". Mas esta seria outra conversa.
Portanto, não vejo a escolha da editora como um atentado porque o nosso trabalho foi feito e sei que bem feito. Sou orgulhosamente crente não só em Deus como no meu desempenho como tradutora. Como tal não me aflige a ira divina mas sim a ira dos pobres de espírito que muitas veszes falam sem conhecimento de causa.
Tenho dito.

 
At 1:04 da tarde, novembro 20, 2007, Anonymous Anónimo said...

A "mera" ilusão ou o mero "engano", como você diz, para já não falar de devaneio, quimera, delírio (a palavra adoptada pela tradução brasileira), etc., são termos que se aproximam muito mais de delusion do que DESILUSÃO - que, na verdade, NADA tem a ver com a palavra inglesa, significando mesmo o oposto.

Sobre o sentido que o autor atribui ao termo delusion, basta ler o prefácio do livro, em que Dawkins se refere a essa questão do significado psiquiátrico (delírio), que ele não enjeita, embora não tenha escolhido o termo com essa intenção precisa. Para mim, quimera ou devaneio seriam excelentes traduções, mas ilusão também não estaria nada mal. Andavria lá perto. Desilusão, não. É só o contrário...

A sua comparação do vendedor de automóveis não colhe, tem que reconhecer que é completamente despropositada. O livro traduzido por si entrou em circulação com o seu nome como tradutora, é essa a "pequena" diferença. Se não sabe dos seus direitos, informe-se na SPA. A lei permite-lhe demarcar-se desse livro, exigindo que o seu nome não figure lá. Foi assim que, ainda recentemente, o cineasta João Botelho exigiu que fosse retirada a sua autoria de um filme, por não se reconhecer no produto final.

O insulto gratuito dos "pobres de espírito" fica com quem o profere, como diz o outro.

J. Sapka

 
At 8:47 da manhã, novembro 21, 2007, Anonymous Anónimo said...

O Sr. Sapka parece ser uma pessoa instruída. Infelizmente, instrução e educação nem sempre andam de mãos dadas... Todos concordam que o título da edição portuguesa foi infeliz (eu inclusive). Mas a forma agressiva com que escreveu o comentário dirigido à tradutora era desnecessária e "déplacée". A ironia e o cinismo barato do "Mas claro, quando se é crente, tem-se medo do ira divina, não é, senhora tradutora?"... Por favor! Depois mostra-se suceptivel com a resposta da Sra...
Além de ateu militante e pseudo-intelectual, quer formar um partido que acabe com a raça imunda dos ignorantes crentes? Talvez devessemos queimar as tradutoras na fogueira e incendiar a sede da editora (para servir de exemplo à outras). Fanatismo, atrás de que máscaras te escondes...

 
At 8:32 da tarde, novembro 21, 2007, Anonymous Anónimo said...

Desviar a substância do debate para o tema da pseudo-agressão é uma habilidade de advogado de província. A ironia não é proibida por nenhuma lei, nem ética nem jurídica. Mas nem sequer houve ironia: o que eu disse era para ser entendido à letra. É a minha opinião clara e franca. A sua irritada susceptibilidade revela que a Sra não encaixa uma crítica nem sabe discutir. E que eu, se calhar, acertei na mouche. Sorry.

Sou ateu, sem o militante (nem o "orgulhoso" de alguns crentes). Sou intelectual, sem o pseudo. E a Sra não tem tento no que diz e começa a ficar patética. Saiba que participei o desvario do título da edição portuguesa à fundação Richard Dawkins. Desejo e espero que obriguem o editor a mudar o título.

Passar bem.

 

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