A Maria Papoila e o Narciso
Eu sei que tenho uma casa minúscula. Eu sei que não posso pensar muito em animais abandonados, senão quero trazê-los para casa. Eu sei que em determinadas situações não posso abrir precedentes.
Apesar disto tudo não resisti ao Doce. Vi as fotografias e apaixonei-me por ele. Trouxe-o para casa e o resto já escrevi noutras alturas.
Depois decidi que agora já não podia ficar sem animais em casa com quem falar e para contar os meus segredos mais pequeninos.
A primeira a chegar foi a Maria Papoila. Uma gatinha de pêlo comprido, com um feitio muito feminino. Dependente dos mimos e de mim, mas a dar aqueles ares de que ninguém manda nela. Já rasgou cortinas, deitou coisas ao chão... Mas como é que me posso chatear com ela se a tenho fechada num apartamento?
O segundo a chegar foi o Narciso. Um gatinho apanhado na rua por um casal com um coração enorme. Não imaginam o amor que eles tinha por este gato que não podiam ter em casa. Muito tímido, forte e com um feitio óptimo. Meigo. Ainda não o vi brincar, mas ele chegou só na quinta feira.
Para dar os nomes aos meus gatos, fico uns momentos a olhar para eles e depois decido pelo primeiro nome que me vem à cabeça. Maria Papoila da história do meu livro da escola primária. Já não me lembro da história, mas era sobre alguma coisa que se chamava maria papoila. E Narciso pela lenda de narciso, mas na versão do Óscar Wilde.
"O lago ficou algum tempo silencioso. Por fim disse:
- Eu choro por Narciso, mas nunca tinha percebido que Narciso era belo.
Choro por Narciso, porque todas as vezes que ele se debruçava sobre as minhas margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos, a minha própria beleza reflectida."
in O Alquimista, de Paulo Coelho, Edição Ilustrada por Moebius da Pergaminho*
*Sim. Paulo Coelho citado neste blog. Sim. Eu já li Paulo Coelho e o pior é que gostei de alguns na fase em que os li. Por exemplo O alquimista: lembro-me da conclusão do livro, que na altura não me identifiquei e, actualmente compreendo-a e concordo.
1 Comments:
Eis a explicação para as defuntas "crónicas de uma rapariga gira sem namorado aos 30 anos": bicaharada em casa. Não há quem esteja para aturar...
Enviar um comentário
<< Home