terça-feira, setembro 19, 2006

Crónicas de uma rapariga gira sem namorado aos 30 anos # 68

Não me custa nada viver sozinha. Talvez porque nunca me sinta verdadeiramente sozinha, excepto naqueles dias em que as decisões têm um peso brutal e em que os problemas que me rodeiam, me levam a desejar voltar ao ventre da minha mãe e ficar ali encolhida em posição fetal. Nesses dias, não me apetece dormir sozinha, nem ficar no sofã. Não me apetece telefonar a ninguém, nem tão pouco atender o telefone a alguém. Neses dias, adormeço a sentir uma mão que me passa pelo cabelo e murmura que vai tudo correr bem, para que eu não fique preocupada. A imaginação de uma mão perto da minha posição fetal. Acho que é nos dias em que abandono a armadura de D. Quixote no sexo feminino. Senti-me assim ontem. Comecei a sentir-me agora outra vez. Lá me vêm as ideias mágicas de que se usar óculos de sol ninguém me vê e eu perco assim a existência. Pesadelos da alma de uma rapariga independente, autónoma, cheia de ideias e com vontades que até é possível vender quando alguém precisa.
Nos outros dias não me custa viver sozinha. Tenho tantas actividades, tantos objectivos, tantos locais para ver, tantas pessoas para conhecer, tantas coisas para sentir... Que o tempo que passo a dormir é demasiado para o tudo que quero aprender numa curta passagem por este planeta, enquanto isis osiris. Nos outros dias, não me custa nada estar sozinha, porque existe sempre alguém a dar-me atenção, alguém a quem eu ame, alguém que me ama, existem sempre tantas emoções a borbulhar. Viver sozinha tem esta coisa boa: estamos sempre à procura de mais coisas... Não nos acomodamos tanto ao sofã.
Vou sentir saudades destas minhas angústias existenciais quando deixar de as ter. Sou tão emocional, que até me ligo às angústias, às questões, às dúvidas. Dá-me vontade de ficar deitada em posição fetal a rir da minha angústia.

4 Comments:

At 7:44 da tarde, setembro 19, 2006, Blogger The Boy with the thorn in his side said...

Estranho!
Gostava de conseguir rir da minha também...

 
At 8:37 da tarde, setembro 19, 2006, Blogger Sereia said...

Bolas, tu descreveste exactamente o que tenho sentido ultimamente!

 
At 12:05 da manhã, setembro 21, 2006, Anonymous Anónimo said...

Adoro viver sozinha, ao princípio foi complicado mas agora já não me consigo imaginar a dividir o meu espaço com ninguém. Acho que me estou a tornar egoísta, é pena. Prezo muito a minha independência. Adoro fazer o que me apetece à hora que me apetece sem ter que dar justificações a ninguém.

 
At 1:19 da manhã, setembro 23, 2006, Blogger Fabiana said...

Acho que estou a ficar como a singleangel. Bem, talvez só às vezes, tal como tu...

 

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