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"Os grandes filósofos são também grandes estilistas. O estilo em filosofia é o movimento do conceito. Claro, este não existe fora das frases, mas as frases não têm outro objecto senão o de darem vida, uma vida independente. Escreve-se sempre para dar vida, para libertar a vida onde ela estiver presa, para traçar linhas de fuga. Para isso é necessário que a linguagem não seja um sistema homogéneo, mas um desiquilíbrio, heterogénea sempre: o estilo vai desbravar nela diferenças de potencial, entre as quais qualquer coisa pode passar, qualquer coisa pode passar-se, pode um relâmpago surgir da própria linguagem e fazer-nos ver e pensar aquilo que estava na sombra das palavras, entidades de cuja existência mal suspeitávamos."
Gilles Deleuze em entrevista ao Magazine Littéraire (1988)
In "O mistério de Ariana" de Gilles Deleuze
Agrada-me (tentar) aplicar este conceito de Deleuze a múltiplas áreas de vida. A heterogeneidade aumenta a probabilidade de surpresas e aprendizagens. O movimento potencia e propicia o viver.
9 Comments:
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Concordo com essa relação Estética\conteúdo! Quanto à heterogeniedade, também! Apsar de a experiência de vida, nos ensinar também a "riscar" certas opções!
muito complexo. ou é da minha infecção na garganta que não me deixa pensar.
Bruno, tem sempre que haver um critério na tomada de opções, claro. Isso para mim já é baseado no chamado gosto pessoal. Ele é quem demarca a fronteira.
O próprio Deleuze o aplicou a muitas esferas da vida - e à vida em si, que não há filosofia que não seja um moroso mas saboroso percurso de vida. Este é um dos mais complexos, mas também um dos mais sugestivos filósofos contemporâneos!
A quem estiver interessado, talvez agrade este site, um dos mais completos e mais documentados sobre Deleuze: www.webdeleuze.com/php/.
Obrigada Aristóteles!
Não é só uma questão de gosto! Infelizmente (ou não) também temos de conviver com o que não queremos (logo a questão da fronteira não se põe, porque esta pode ser "invadida" por "agentes" estranhos ou não previstos pelo nosso conhecimento)! A experiência é que nos permite apreciar da melhor maneira as situações de prazer, e diminuir o desprazer nas situações adversas! Essa tal heterogeneidade tem dessas coisas!
O mais importante da heterogeneidade que se fala é mesmo tentar aprender com tudo!
Tens razão, mas estava a falar de opções e não de obrigações. Quando opto prefiro aquilo que me vai dar o menor desprazer possível.
Quanto às variáveis independentes (as que não conseguimos controlar), que remádio senão aturá-las e tentar eliminá-las logo que possível!
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