sexta-feira, fevereiro 04, 2005

moinhos de vento

Não conseguia dormir e por isso levantei-me e vim para o computador escrever, em vez de ficar só a criar os textos na minha cabeça... E andar às voltas na cama...Às vezes acho que me tornei guerreira à muitos anos, enquanto outras penso que devo tê-lo sido noutra vida anterior. É tudo apenas uma questão de explicações mais ou menos românticas para a forma como vivo a vida. Para mim só tem piada quando estou a viver tudo intensamente, quando aproveito cada momento como se pudesse morrer a seguir... Com a paixão das batalhas e das conquistas para poder subir cada degrau com a totalidade de cada mínima coisa. Não consigo viver naquilo que considero ser a mediocridade de olhar apenas para as coisas, sem gastar tempo a contemplá-las.

Comecei a anunciar o fim da última batalha em Setembro para me habituar à ideia de que o fim estava a chegar... Até comecei a preparar as próximas batalhas, mas esqueci-me que o luto seria necessário para poder prosseguir viagem. Esqueci-me... que tolice! Como eu sempre admirei o D. Quixote de Cervantes com os seus novos moinhos de vento... Acho que era o presságio de que precisava de me sentir intensamente para passar pelas coisas. Hoje recebi a informação de que a tese está pronta para entregar e de repente o meu moinho de 2 anos desaparecia por baixo dos meus pés. Queixei-me. Comemorei pequenas vitórias. Trabalhei mais horas do que algum dia pensei que fosse capaz. Mais de 100 artigos lidos, 20 livros, tardes e tardes nas bibliotecas, 50 autores contactados, 10 empresas contactadas, 9 respostas negativas num ano, 45 entrevistas feitas, 180 folhas transcritas e no fim a tese com 150 folhas escritas. Na próxima semana vou entregar o cadáver a Braga e esperar por ir defender a minha inocência neste homicídio. Mais uma batalha ida. Dias em que chorei de raiva, dias em que me ri e dias em que o trabalho me levou a estados de exaltação.

Hoje a batalha já estava ganha e já nem era a minha batalha... Depois de tantas dúvidas, de me sentar à espera de desistir lá estava o cadáver sob os meus olhos. São assim as pequenas batalhas que travo todos os dias...

Hoje não me apetecia festejar e sim chorar sob mais um degrau que subi com algum custo para perceber que a vista daqui não era assim tão diferente da anterior! A terrível insatisfeita... Sou viciada em paixão. Paixão em tudo. Vou fazer o luto para voltar a acordar com a sede de estar que me ampara os dias e me faz querer.

Por isto, onde quer que esteja vou estar apenas assim: à espera que o sol apareça novamente dentro de mim e desta vez tenciono mudar de escadas... vou retomar uns degraus que abandonei à algum tempo... mas até lá deixem-me só estar quietinha a sentir o sol e a sonhar com o azul que anda em todo lado entre o céu e o mar... Devo ter sido guerreira ou então tornei-me!

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