sexta-feira, março 30, 2007

Sobre a Terceira

Por vezes penso que esta ilha onde vivo não existe, por ser tão irreal em muitos aspectos. Aqui vivem lado a lado a paz do verde com a agitação da noite, os senhores bem com as pessoas mais loucas que conheci, o que se diz e o que se vê.
Tradicional em muitos aspectos (por exemplo, em relação ao aborto, como se viu pelos resultados do último referendo) é, por outro lado, muito liberal em relação a questões como a homossexualidade, que é perfeitamente aceite. Aliás, este foi o único sítio onde já vi homens vestidos de mulher, sem que a intenção fosse, no entanto, parecerem travestis. Trata-se apenas de assumirem, sem medo do que terceiros possam pensar, aquilo que são. E esses terceiros não os olham como se parecessem animais de circo. Há respeito pelas opções.
Depois há a questão da insularidade. Para pessoas que estão sem sair de uma ilha por dois ou três anos, como conheço, há que arranjar maneiras de libertação. E aí entram as drogas, principalmente a cocaína e as pastilhas, que são as mais consumidas. Aqui, a maioria das pessoas olha-me com estupefacção quando digo que não as consumo. Do tipo: És de Marte?
E depois há ainda as festas... ai as festas... O Verão é fantástico por cá. Com muitas touradas, cerveja, festivais, praia, concertos... Por isso se diz que os Açores são 8 ilhas e um parque de diversões.
Costumo pensar que quem tiver uma mentalidade fechada, retrógada, deveria vir um tempo até cá, porque isso lhe serviria para abrir horizontes.
Porque nesta ilha tudo é possível.

4 Comments:

At 11:02 da tarde, março 30, 2007, Blogger bonifaceo said...

As touradas é que eram escusadas, digo eu que odeio.

 
At 5:56 da tarde, março 31, 2007, Blogger Elentári said...

São touradas de corda, na rua, não é como as que estamos habituados. Penso que é a essas que a Luna se refere.

Linda ilha, verde rodeada de um mar azul intenso. Tenho saudades. Ai as comidas, ai os queijos!

 
At 4:56 da tarde, abril 01, 2007, Blogger rps said...

Estive por três vezes em São Miguel. Ainda não terei da ideia visitar as outras oito ilhas.
Em Ponta Delgada, notei sempre que tratavam as pessoas da Terceira como uns farristas. Tipo: nós trabalhamos e eles divertem-se...
Rivalidades, decerto, mas não sei se traduz algum aspecto da realidade...

 
At 5:35 da tarde, abril 02, 2007, Blogger Luna said...

Eram de facto às touradas de rua que me queria referir. E não é tanto pelas próprias touradas, que acabo sempre por torcer pelo touro, é pelo espírito: as pessoas que vivem na rua onde a tourada se vai realizar abrem as portas aos amigos, aos vizinhos, aos amigos dos amigos, e vai tudo comer e beber! É uma festa!!

RPS: Há, de facto uma grande rivalidade entre a Terceira e S. Miguel. O sentimento é idêntico ao que existe entre Porto (que corresponderá à Terceira) e Lisboa. Há a sensação de que só se investe em S. Miguel (e eu acho que é um bocadinho assim. Em relação à diversão, o povo terceirense é muito festeiro, quer é touradas e cervejas! E aí concordo com os micaelenses, a Terceira não é uma ilha onde se goste muito de trabalhar ou se trabalhe arduamente. Há, por exemplo, uma tourada muito conceituada na zona de Angra do Heroísmo, que se realiza numa tarde qualquer da semana, no Verão. Nessa tarde, a maioria do comércio de Angra fecha. E depois há as S. Joaninas, as festas da Praia da Vitória... O Verão, na Terceira, é uma grande e acalorada festa.

 

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