segunda-feira, janeiro 31, 2005

Acabei de aterrar!

Olá a todos!
Acabei de aterrar neste magnífico blog!

Cá estou eu mais uma vez

caros Caracóis:

Só para dizer que: Cá estou eu mais uma vez.
Espero que agora possa escrever algumas coisitas.

Abraços e beijos para todos

No País das Túlipas #4

Por volta da meia-noite, entramos no Ekkos. Trata-se de um bar/sede de um clube cultural. Organizam regularmente concertos ao vivo de bandas emergentes, concursos de novas bandas, festas temáticas, debates, etc. Quase um centro cultural alternativo.
O espaço divide-se entre um bar, normal, com mesas e cadeiras e uma sala interior, maior, onde é a discoteca.
Ao entrar, deparamo-nos com as tribos góticas, cyber-góticas e talvez até alguns "Black Metaleiros" em convivio com (poucas) pessoas vestidas de forma, digamos, normal. O ambiente é optimo, apesar da música industrial e gótica que se ouve. Muito cabedal, muitos vestidos góticos, muitos decotes, botas de cano alto, até mesmo dois ou três homens vestidos com saias compridas de cabedal negro. Muita gente tem a cara pintada. Isto é uma verdadeira festa gótica.
De realçar a extrema beleza produzida das góticas. Em cada canto mulheres belissimas, inacreditavelmente belas, com aquela estética gótica que sempre me atraiu. Beleza quase artistica, que me leva apenas a deleitar-me com tais visões, sem o mínimo de interesse sexual (pelo menos a principio), apenas desfrutando daquela beleza quase pura.
Bebemos umas cervejas e vamos observando a fauna. É uma festa gótica, mas nem por isso as pessoas deixam de sorrir e ser simpáticas umas com as outras. Não há choques com as pessoas, não há cervejas derramadas. Há diversão, há dança, mas não há pés pisados ou encontrões. Apesar da violência musical (a música é quase sempre de pendor industrial).
Na discoteca, as pessoas dançam, parecem conhecer todas as músicas. Ao longo da noite só reconheci uma faixa dos Nine Inch Nails. Mas gostei da música, muitas vezes em holandês ou alemão. Numa das paredes é projectado nome da música que está a tocar, o que dá jeito caso se queira comprar o CD, já que no bar há um stand com CDs à venda.
Existem algumas aves raras. Uma mulher muito muito obsesa, aparece vestida de noiva, de branco, o que contrasta com o ambiente negro à volta. Parece quase uma dominatrix branca.
A noite é passada entre o bar, a conversar, a discoteca, a dançar. A determinada altura lembro-me que tenho comigo o saquinho de erva que o I. me deu. E toca a procurar alguém que tenha mortalhas para fazer o charuto. Só à quinta tentativa consigo arranjar "smoking papers". Os 4 góticos anteriores não fumavam! Uma delas até pareceu ficar desiludida ao perceber a razão da minha investida...Afinal aqueles sorrisos eram para mim... Se estivesse sozinho ou noutra companhia, até era capaz de tentar ver aonde aquele conhecimento casual ia.
Pergunto no bar se posso fumar um joint. Pois é, na Holanda nem em todos os sitios é bem-visto ou permitido fumar cannabis. É um acto de boa educação perguntar e convém sempre fazê-lo. "Sure, no problem!" diz-me a empregada, pelo que acendo logo alí o dito cujo, que faz imediatamente efeito. Uma colega e um conhecido holandes partilham a coisa comigo. A primeira começa com uma conversa muito esquisita sobre hormonas sexuais, que finjo não perceber. É que o joint também me bateu de uma forma muito sexual. Agora é que não consigo tirar os olhos dos decotes góticos. O companheiro holandes aterra completamente, senta-se e um minuto depois está a ressonar...Pois é, foi ganacioso, apanhou uma over-ganza...
A determinado momento (devem ser umas 3 da manhã), a pandilha onde me incluo está toda sentada e a N. propõe a emigração para outro bar, desta vez um bar de estudantes. Há quem diga que logo que sim (eu) outros ponderam o regresso ao hotel. Acabamos por ir todos. Estou completamente mocado.
No percurso pedestre para o outro bar (já não me lembro do nome) encontramos um telemóvel e uma carteira no chão. A ética holandesa sai ao de cima e um deles vai à procura de um policia para entregar as coisas. Imaginem lá isto acontecer em Portugal...
Devem ter passado uns 10 minutos a andar, que parecem em alturas diferentes meia-hora, um minuto, 3 horas. É o efeito da cannabis na percepção do tempo. Entramos no tal bar que está à pinha.
(continua no próxima capitulo)

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Noite Escura

Trata-se de um filme de João Canijo, com Fernando Luís, Rita Blanco e Beatriz Batarda nos principais papéis.
O filme mostra-nos um dia (um fatídico dia) na vida de uma família que toda ela trabalha na noite. Numa casa de alterne, para ser mais precisa!!
É uma história dura, de uma violência psicológica estrondosa, onde se misturam putas, jogos, pouca inocência, sexo, chantagem, sonhos...
É daqueles filmes que me levou a sair da sala de cinema sem conseguir dizer uma palavra!! Quando já estava mais ou menos recuperada, ouço a pergunta: "Quem é que tem uma mente tão perversa para fazer um filme assim?" E pensei comigo própria que não é necessário ter muita perversidade para fazer algo do género... Basta talvez acompanhar um pouco a realidade desses submundos... que não conhecemos nem tão pouco ambicionamos conhecer!!
Não posso deixar de referir a excelente prestação da Rita Blanco, platinada e oca, no seu papel de mãe de família/puta/esposa/relações públicas, o que vem confirmar a minha convicção de que estamos perante uma das melhores actrizes portuguesas, e a admirável representação da promissora Beatriz Batarda (não admira que seja considerada um dos novos talentos portugueses ao nível da interpretação - bem precisamos!!!).

terça-feira, janeiro 25, 2005

reportagem sobre ontem

No público de sexta feira na última página, vinha referido que ontem 2ª feira era o dia mais deprimente do ano. Alguém chegou a essa através de uma fórmula matemática. Na sexta ri-me. Ontem senti-me deprimida: foi a apoteose de uma semana a marinar a neura! E pergunto-me: terá sido sugestão, coincidência ou seria mesmo assim como eles calcularam?

No País das Túlipas #3

O trabalho acaba cedo. Sou convidado pela N., uma amiga holandesa para sair à noite. O destino é uma festa gótica. Digo logo que sim.
15h e já estou novamente no Oudergraacht, acompanhado por duas donzelas Lusas. Passeamos um pouco, compram-se waffles com recheio de caramelo (recomendo, especialmente se comprado num dos mercados ao ar livre ao pé do Hooj Catherine, o centro comercial com ligação à Centraal Station). Chove de vez em quando, aguaceiros de 5 minutos. Caiu até granizo durante algum tempo. O tempo não é propriamente o ideal para actividades ao ar livre.
Lanço o desafio: "E se fossemos fumar um skunkzinho?" A resposta é imediata e positiva. Acho até que estavam mesmo a pedir que eu falasse na inevitável visita a um Cofee Shop.
Lançamo-nos pelo canal à procura de um Cofee Shop, o mais antigo da Holanda, aberto em 1972, ou seja, 5 anos antes da lei que permitiu a venda semi-legal de cannabis naquele país. Conhecia-o de outra viagem - acho até que a descrevi aqui - quando lá fui com o I. e uma colega grega que ficou grega com o ambiente. Chama-se Sananim, Samsala, qualquer coisa começada por S, na parte de baixo do canal, ao pé de uma ponte. Tem uma placa preta, com o nome escrito a branco.
Andamos de um lado para outro, mas não consegui dar com o sitio. No problem: O Andersom coffee Shop ainda me lembro onde é. Lá fomos.
Compro dois charutos de skunk, já feitinhos, que não tenho muita pachorra para o fazer, na parte de cima, ao balcão. 2.5 Euros cada. Para os neófitos, o skunk nem é a variedade mais forte disponivel. Mas entre um sensimilha (variedade de erva sexualmente hibrida, logo mais fraca) e um white widow (o nome diz tudo: já a experimentei e adormeci 5 minutos depois, ainda com o cachimbo na mão) muito mais forte, fiquei-me pelo meio termo, até porque não sabia o grau de resistência da companhia. Uma delas, eu sabia que fumava de vez em quando. A outra diz que já fumou duas vezes, há muito tempo.
Descemos para o andar inferior. Muitas mesas, ambiente de pub agradável, jovens e menos jovens, 3 ou quatro duplas a jogar xadrez (pode-se pedir o tabuleiro no bar) enquanto fumam e bebem um chá. O bar ao fundo bem apetrechado: sandes e outros snacks, chás, café, refrigerantes, etc. Nada de alcool, que é proibido nos coffee shops. Excelente ambiente. O Piolho é muito mais desviante, por exemplo.
Acendo o primeiro charuto, que à 3ª passa faz o seu dever. Aquela calma e relaxamento típicos, a cabeça a funcionar a 300 à hora, a observar o que se passa à minha volta. Numas mesas conversa-se normalmente, noutras ri-se com vontade. Fala-se holandes. Não me parece que hajam mais turistas por alí, o que é optimo. Aviso à navegação: se há muita gente a falar inglês, é sinal de alerta - o coffee shop pode não ser o melhor. Evitem os Buldogs, em amsterdão, por exemplo. A cannabis muitas vezes é mais cara e de menor qualidade e o ambiente pior. Descubram onde vão os locais.
O skunk faz uma entrada em grande na minhas companheiras. Uma delas parece um verdadeiro Gato Fedorento. Passa duas horas a contar histórias que lhe vêm à cabeça, completamente hilariantes. Tem jeito, devia escrever humor para stand up comedy. Foram duas horas ininterruptas de riso. Às tantas peço-lhe para parar, que já não aguento as dores de barriga de tanto rir. Ela não consegue!! Pára durante 30 segundos e depois já está a disparatar coisas hilariantes sobre ela, sobre nós, sobre os outros clientes - gostei especialmente da frase "Uma mulher cerscida como eu aqui a curtir e....(olha em volta e fixa-se numa dupla a jogar xadrez)... Olha-me estes tipos !!! A fumar e a jogar xadrez! Estes holandeses são mesmo inteligentes!" Risota imediata.
Às tantas, lá se lembra de que está cheia de sede. Bebemos um chá quentinho, que cai maravilhosamente. E começamos a acalmar um pouco. Passaram-se três horas fabulosas, o que quer dizer que são 18.30 e ainda temos de ir para o hotel. às 19.30 vão-nos buscar para jantar e convém recuperar a compostura profissional, que o boss pode não achar piada a termos andado a fumar skunk. Os sinais de descida aparecem, com a vontade de comer a crescer. Para mim, que as minhas colegas continuam completamente fora. Lá manipulo a moca delas, acalmo-as, mando-as comer rebuçados para a coisa descer mais depressa. E decido que vamos a pé. O briol (talvez uns 4 graus) deve ajudar, assim como a caminhada. O segundo charuto fica com uma das colegas.
Meia hora de caminhada (fui pelo caminho mais longo, propositadamente), com as colegas a tentarem controlar a moca. Vão conseguindo, mas de tempos a tempos lá aparece uma asneirada que despoleta mais um ataque de riso. Deve ter sido a caminhada mais divertida da minha vida.
Chegamos ao hotel, dou-lhes umas instruçõezinhas de descida de viagem. Já estamos todos mais calmos, ainda divertidissimos, mas já com alguma auto-consciência pública.
às 20h estamos num restaurante belga, já com a N. que trouxe o namorado e um amigo, e o big boss. Ainda estou sob o efeito, mas só o relaxamento. Enquanto esperamos por mesa, bebemos uma cerveja belga - eu Duvel, claro está - e a moca da cannabis fica mais disfarçada, com a desinibição do alcool. estou com uma fome de leão. Comemos e bebemos tinto, conversamos sobre muita coisa. O big boss fala-me do I. Percebeu que eu sou amigo dele e então justifica porque teve de o despedir, dizendo ainda que teve pena de o fazer, pois o I., para além de ser realmente boa pessoa é ainda um excelente profissional - ou era, antes de escorregar no alcool.
Meia-noite. Estamos à porta do Ekko, o bar/discoteca onde é a festa gótica.
Pagamos 5 euros de entrada.
(continua no próximo capitulo)

Olá!!!

É só pra dizer que cheguei!!

manhã iluminada

já foi uma manhã submersa e hoje foi uma manhã iluminada pela lua. hoje tive de sair de madrugada de casa... eram oito da manhã e o dia andava à pouco lá por fora! a lua está imensa e imaginem-na rodeada pelas cores do amanhecer... aqueles amarelos quase limão e alaranjados muito clarinhos... e foi assim que hoje me senti, novamente, sedenta de viver! passados alguns minutos... meia hora talvez, chegou o sol que me cegou! senti como que um choque térmico, entre a lua e o sol e decidi ligar o ar quente do carro e abrir o vidro para sentir o choque térmico... gostava de me sentir um choque térmico!!

segunda-feira, janeiro 24, 2005

No País das Túlipas #2

O dia é gasto em reunião.
Ás 18.30, chegamos ao restaurante, muito simpático e que recomendo vivamente, chamado Toque Toque, na Oudergraacht. Boa comida (se bem que não nas quantidades a que estou habituado), excelente atendimento (cada empregada mais gira e simpática que a outra). E a rematar, Marisa em som de fundo. Ao que parece, a nova geração do Fado português é muito apreciado na Holanda. Dizem-me durante o jantar que o Camané vai lá actuar em Fevereiro e que já há corrida aos bilhetes. Como de costume, os estrangeiros apreciam mais do que nós o que temos de bom.
Aparece o H. para irmos tomar um copo. O I. espera cá fora. Não quer encontrar antigos colegas de trabalho que jantavam comigo. Choque número dois: o I., meu companheiro de andanças desviantes fumarentas e liquidas sempre que vou à Holanda deixou de beber, de fumar, etc e agora anda a tentar reconstruir a vida. Sim. Até os génios (ou se calhar por causa disso) escorregam no alcool e por vezes têm dificuldade em se levantar. Felizmente, parece estar no bom caminho. Um daqueles casos que ninguém esperava. Usava drogas e a determinado momento as drogas começaram a usá-lo. Agora decidiu desfazer-se de tudo. A extensa garrafeira foi para o H. Os restos de erva e chamon para mim, entregues depois de um abraço prolongado numa das pontes que atravessa o Oudergraacht, num daqueles saquinhos de plástico que dão tanto jeito.
Vamos para o Au Dam (não sei se é assim que se escreve) uma cervejaria com fabrico próprio do outro lado do canal. Bebemos água com limão. É a primeira vez que o I. entra num sitio onde se vende alcool há muitos meses. Enquanto o I. vai à casa de banho, o H. agradece-me ser amigo do I. Diz que foi um passo importante e que se não estivesse lá, tal passo seria mais dificil. Diz-me que é bom que o I. tenha um amigo como eu (e o próprio H.), que até tomam uns copos e tal, mas são sadios. Permite ao nosso amigo uma variação de outros contextos, onde ele se movia e onde se usavam outras coisas que não a cannabis e o álcool.
São estas coisas que nos fazem sentir vivos e uteis. Não os via há uns dois anos. Continuamos a conversa onde a tínhamos deixado. Há qualquer coisa que nos une, uma verdadeira amizade que se mantém já há uns 5 anos, apesar de não nos vermos mais que uma vez cada ano. Mais uma acha para a fogueira da hipotese da vida anterior. E, desta vez, não precisou do alcool como pretexto. Queriamos os três apenas estar com os outros. Porque gostamos da companhia dos outros. Porque esta amizade vale por si e não temos nada a ganhar - antes pelo contrário - por nos darmos uns com os outros. É que também lá na Holanda as amizades que temos por vezes são mal-vistas. Sim, eles - os holandeses - também têm alguns preconceitos.
A noite acaba cedo. 23.30 já estou no Hotel. Mas satisfeito, embora um bocadito triste pelas andanças recentes do I. Felizmente está no bom caminho, motivado. E, mais que isso, senti fortemente que sou uma pessoa importante na vida dele. Estarei mais presente. às vezes um telefonemazito pode evitar a caída de um amigo. Lá estarei.

Na País das Túlipas #1

Sai da Invicta, em direcção a Amsterdão, via Lisboa. Adormeci na viagem quando sobrevoava Paris.
Por razões que ainda estou para perceber, mas que presumo terem a ver com atrasos nas ligações de comboio para Utrecht, precisei de entrar em três comboios para chegar ao destino. Primeiro choque: Os comboios holandeses agora atrasam-se. Coisa impensável para mim dadas as experiências anteriores.
Este percalço impediu-me de jantar, como combinado, com um dos meus amigos da zona.
Utrecht. Ao sair da Central Staation aquela sensação de estar a chegar a casa. Que ligações tenho a este país para sentir isto cada vez que lá vou, não compreendo. Terei eu vivido por lá noutra vida? Talvez isso explique também porque raios acabava sempre no Oudergraacht (um canal no centro histórico) quando tentava ir a algum sitio sem mapa. Sempre ao pé da Torre do relogio, medieval. Estranho. Ainda por cima, a orientação em utrecht é simples. Se não me perdi em Berlim, Londres, Barcelona ou Milão, por que raios me perdi em Utrecht, quando já estive lá periodos alargados, às vezes de mais de uma semana? Coisas a pensar...
A noite acaba num hotel a ver a BBC1.

Desmotivados Anónimos 2

além de que se seguissemos a moda americana, já existia este grupo e mais uns quantos do mesmo género...

Desmotivados Anónimos

Proponho q as primeiras sessões deste grupo terapêutico sejam passadas a dormir...

precisava que se desenvolvesse um grupo terapêutico à semelhança dos Alcoólicos Anónimos, mas que se chamasse desmotivados anónimos...

sábado, janeiro 22, 2005

"manhã submersa"

saí de manhã e esqueci-me da minha máquina fotográfica... tive de memorizar na minha cabeça as belas fotografias que tirei na marginal, entre a ribeira e a foz! Vale a pena sentir o Rio a ouvir a disco jet society(: mais um dos recuperados!) e a imaginar fotografias possíveis!

café dos caracóis

Um café do centro do Porto, que fecha cedo e outro mais tarde, foi o cenário para mais uma tertúlia. Aqueles cafés que acompanham quem estudou na zona histórica do Porto. O objectivo era o de lançar mais um desafio: que este blog fosse um espaço de tertúlia. Tentar fazer ecoar esta ideia nas cabeças dos caracóis. Fiquei feliz porque cheguei a mais pessoas... Consegui tocar mais um ponto que pode ligar-nos a um mar de ideias: o mar que habita nas costas de todos nós! Falou-se de Florbela Espanca, Mário de Sá Carneiro (aqueles que me causaram insónias e pesadelos) Gabriel Garcia Marques, Alçada Baptista e outros... E aconselhou-se “A árvore dos possíveis” de Bernard Werber e o “Pela estrada fora” de não me lembro o nome (!) para quem queria fazer o Inter raile: Eu!

Falei do “O futuro do amor” de Daphne Rose Kingma (Psicoterapeuta) porque para mim o amor sempre foi mais do que o casamento... Para mim o futuro do amor é o encontro de almas que se amam e que, criam novas formas de amar, de acordo com as circunstâncias, com as pessoas, com as vivências e com as possibilidades. Sempre me chamaram romântica lunática, imatura e que buscava caminhos inexploráveis... Quando para mim o amor só faz sentido em novas formas preenchidas de azul, do céu e do mar. Neste livro re-encontrei as minhas formas de entender o amor: a única coisa pela qual me pode valer a pena viver e morrer. E entenda-se que não procuro liberalizar o amor, mas tão pouco torná-lo autêntico e real... Vejo um mundo de oportunidades no amor!

Pelo caminho ouvi Peter Murphy. E em casa, Adriana Calcanhoto. São os sons desta noite de tertúlia.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Movimentos de gata

Vi-a a última vez a 28 de Agosto.

Nobre, altiva, dominadora, sublime. Com "movimentos de gata"... Mesmo jovem, consegue-nos (iu-me) cativar com a sua atitude e com o "savoie faire" das grandes senhoras. O pano sobe, a música inunda a sala, comandada pelo feminino som da guitarra portuguesa. Ela surge no meio do escuro, intimista, e logo... logo percebemos que esse intimismo nos vai contagiar. Perdido lá nas filas de trás, juro que lhe conseguia ver a cor dos olhos. Fiquei colado à cadeira. Nunca mais me levantei, me mexi e não me lembro de respirar durante todo o concerto.

Um concerto da Mariza é assim, inebriante. A sua relação com o público é verdadeiramente emocional. Dá, para receber. E o público retribui com o mesmo peso. Eu cá em baixo (como as outras centenas), ela lá em cima. Parece estar-lhe no sangue, o palco está-lhe no sangue.

Mas o nosso bálsamo é a sua voz potente, de timbre perfeito arrepiante e cheia de brio. Voz de fado. Voz magnânime de fado. Leva-nos para outras dimensões faz-nos dançar nas palavras e viver todas as letras que saem da sua boca. Transporta-nos para os lugares que imaginamos no nosso pensamento e, entretanto, brinca com a guitarra e com a percurssão.

No fim, os mais pacientes pediam autografos. Nenhum foi negado, entre dois dedos de conversa. Todos os pedidos foram satisfeitos. E mais uma vez, nas pequenas coisas, se revelam as grandes almas. Que Deus a leve pela mão!

"Dias de nuvens cinzentas"

Nem sempre consigo perceber. No entanto, procuro fazê-lo. Para isto, tenho várias premissas. Uma das quais consiste em tentar perceber para além da aparência.

“Hoje acordei mal disposta.” Aparentemente aquilo que se pode chamar uma “nuvem negra” e que normalmente se deixarmos passar não causa os estragos de uma tempestade. Aparentemente uma situação pacífica. Em tudo igual a outros dias. Mas causa-me confusão passar pelas coisas e achar que é apenas um dia cinzento igual a outro qualquer com as mesmas emoções. Não sei porquê, mas causa-me confusão estar perante a tela a ver a vida correr passar. É evidente que nem sempre os dias estão cinzentos por algum motivo palpável, mas se os aproveitar sinto que posso encontrar qualquer coisa nova.

Pensei em duas soluções. Ir para casa, deitar-me no sofá e esperar que o dia acabasse. Calçar sapatilhas e ir caminhar à velocidade do meu pensamento. Optei pela segunda. Decidi ir caminhar e deixar o meu pensamento correr à velocidade das ondas da praia. Não direccionei o pensamento para nada. Tentei esvaziá-lo para que as vozes profundas pudessem chegar até mim.

Parti do pressuposto de que se libertasse o pensamento iria perceber os motivos da minha sensação de cinzento.

E assim foi. Lembrei-me do dia em que deixei de escrever periodicamente e abandonei todas as pretensões da escrita. Foi à 14 anos. Terminou no dia em que queimei os diários dos últimos 4 anos e tudo o que lhe estava associado. Foi exactamente o dia em que decidi que não queria que ninguém lesse nada do que escrevia. Foi o dia a seguir a terem lido um dos diários sem que eu autorizasse e em que assumi que a partir de então as ideias ficariam apenas dentro da minha cabeça. Curiosamente coincidiu com um dos períodos da minha vida mais afastada do meu interior. Mudou-se qualquer coisa. E vivi num alienamento qualquer. Durou alguns anos até passar. Está a demorar outros tantos a recuperar.

Comecei a escrever outra vez aqui no blog. Excepto algumas cartas não enviadas em momentos de angústia. E desde que, comecei a escrever aqui lembrei-me do efeito terapêutico deste acto. E enquanto caminhava, a sentir o vento e o cheiro a maresia, lembrei-me que precisava disto.

Não acho que a nuvem cinzenta fosse por causa disto, mas permitiu-me criar tempo para me encontrar comigo e perceber o quanto é importante começar outra vez. Nem me lembro como o fazia, mas lembro-me de desejar que uma máquina ligada à minha cabeça escrevesse à velocidade do meu pensamento... Vou deixar-me flutuar!






quinta-feira, janeiro 20, 2005

Acordar

Acordei mal disposta! Acordei de repente e não queria que isso fosse verdade! Chateio-me contra o facto de poder estar a ficar cristalizada! Também não fico muito feliz quando me sinto comodista! Se não, reparem: chateio-me porque existem mais espectáculos em Lisboa do que no Porto e quando estou lá, não aproveito para os ver... E sabem porquê? Por comodismo! Não fico mesmo nada satisfeita com o meu comodismo... nem com a minha cristalização! Hoje ando de branco, porque me sinto cinzenta!


segunda-feira, janeiro 17, 2005

Escrita efémera

Tenho escrito muito mas não aqui.
Tenho escrito, reescrito.
Na minha mente.
Chamem-lhe balanço, planificação.
Chamem-lhe reconstrução.
Chamem-lhe reescrita do que se escreveu.
Chamem-lhe um respirar fundo para iniciar novo caminho. Ou o mesmo...
Chamem-lhe, mais que outra coisa, Paz reflexiva. Paz ociosa. Sem ócio, não há filosofia. Sem ócio não se escrevem narrativas.
Quando o ócio e a reflexão terminarem - fruto de si mesmos, no seu tempo ideal, quando não houver mais proposito para o ócio e quando o próprio ócio se esgotar - outras escritas aqui surgirão. Há já caminhos que se adivinham. Resta optar por um.
Até lá - que não deve ser muito longe - estou em periodo sabático.
Vou para a terra das Túlipas esta semana. Para a que vem, provaveis narrativas de encontro, reencontro e reconstrução aqui. Quase de certeza com um canal à vista. Com toda a certeza acompanhado de cerveja Duvel, neerhash, conversa inteligente q.b. e amigos há muito não vistos.
O ponto de viragem provável do ócio para a acção está destinado - outra vez - a ser marcado pela viagem.
Não estarei no sitio onde a Isis propõe o encontro. Mas mandarei cumprimentos do Norte da Europa se as substâncias permitirem. Porque isto já faz parte da minha vida. E pensar que começou tudo com um jantarito em que se falou de livros, por acaso, só com duas pessoas. Passou mais de um ano, a coisa viveu, enrijeceu, ganhou vida própria e até excursões para fora da Invicta. Ganhou elementos de passagem, convidados, sócios de outras paragens. Já fizemos mais pela cultura que muito ministro.
E ainda dizem que as tertúlias estão a morrer. A nossa, pelo menos, parece mais viva, mesmo que caia em momentos de ócio.
Até aqui já escrevemos uma bela história, feita de escritas efémeras baseadas em coisas que são e deixam de ser. Afinal, apenas estas permitem outras escritas. Ou reescritas...


sábado, janeiro 15, 2005

marcação de café literário

não consigo perceber. a sério que não consigo... mas o que se passa com os caracóis? onde estão vocês? tenho sentido a falta das vossas palavras? penso aliás o que é que tanta ausência quererá dizer... e como não me apetece pensar muito, porque ando cansada, decidi marcar para a próxima sexta feira uma ida literária ao bar onde o nome foi dado... os "fundadores" devem lembrar-se onde é que muito charrados se lembraram do nome... com uma duplo sentido que só eles pensaram naquele dia... e para quem não sabe aqui vão duas pistas: decoração muito em tons de vermelho e um cão que se passeia... aliás aquilo poderia ser a minha casa! julgo que nos poderemos encontrar lá por volta dez (cedo para que o show possa começar)... e, tenho ainda mais uma novidade a discutir com vocês, meus caros caracóis!

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Virtudes do Alentejo I

Aconteceu no ano novo ir investigar para o Alentejo. Descobri por experiência aquilo que já sabia há muito. O Alentejo é um mundo gastronómico. Ouvimos toda a gente falar de grandes sitios para se comer bem e a verdade é que toda essa gente recomenda lugares diferentes. De restaurantes caros e requintados, que os há, até aos tascos de bancos corridos onde se come muito bem tudo o que é tradicional da região. Duas formas de se experimentar a mesma tradição gastronómica.

Experimentei muito e sinto que foi pouco (açorda de coentrada, plumas de porco preto, pernil, borrego estufado. Falta muito). Vou continuar a investigação no fim deste mês, pois vou-me deslocar agora de propósito para o efeito.

Fica a nota para alter do chão, o "Pateo Real" onde o serviço não se nota (o que para mim é o ideal) e é de grande qualidade, o menú tipico da região ao qual se adicionam pratos de caça que diferem de dia para dia, como o pombo ou a perdiz. Boa lista de vinhos da região com promoções semanais. Pareceu-me uma casa que sabe captar quem gosta de comer, sem gastar muito dinheiro. (preço médio 15€).

Até breve!

sábado, janeiro 08, 2005

Noite(s)

ontem estava noutra dimensão que não a habitual. aliás ontem verifiquei que estavam várias pessoas nessa situação. não sei bem em qual dimensão me encontrava, mas não era aquela em que me localizo nos outros dias. acho que nós estamos rodeados de dimensões e de vez em quando a nossa alma foge para outras dimensões. nem percebo porque tal acontece! deve ser quando os sonhos já não chegam para a alma se libertar. portanto ontem andei com a alma noutra dimensão o dia todo. não se nota a "olho nu" e isso foi uma sorte, senão teria sido apelidada de estranha!

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Dia de Reis

ontem foi dia de reis. acho que não é novidade nenhuma. como os meus pais são da "velha guarda" lá fui jantar com eles. no entanto fiquei desiludida quando vi pratos na mesa!! onde estava a travessa comunitária?!!

esta minha dúvida poderá parecer estranha, mas para quem não sabe, vou explicar como são as festas desta quadra numa terra de Portugal.

a ceia de natal é de 25 para 26. os presentes eram abertos dia 25 de manhã. e na ceia de natal comemos todos da travessa. usamos garfos, mas não pratos. não consigo imaginar-me a saborear o bacalhau de natal num prato só meu. não faço ideia porque é que este costume existe. já procurei saber, mas parece que ninguém tem a resposta. quanto a mim, gosto especialmente pela sensação de "comunidade" na família!

percebem porque é que estranhei comer de um prato no dia de reis?

jogos de poder

Está um frio de morte lá fora... mas o que me gela realmente são os jogos de poder cá dentro!

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Dead can Dance

Hoje recuperei mais um daqueles que alguém levou por engano de dentro do meu carro, no mesmo dia em que o abriu obviamente, porque estava distraído... Sim, é uma leitura que se pode dar a um assalto! Pouco a pouco reconstruo um bocadinho mais de mim recuperando as músicas que me levaram... Hoje temos "spiritchaser" no escritório....

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Dia Internacional do Riso

18 de Janeiro

Começaram as minhas danças do ventre: Estou mais perto de Ísis

Existem várias hipóteses sobre a origem da Dança do Ventre. Uma delas, diz que a dança veio do Egipto Antigo e era praticada pelas sacerdotisas há mais de 5 mil anos, em rituais para a deusa Ísis.

Há indícios de que na civilização mais antiga reconhecida historicamente, a dos Sumérios, havia rituais sagrados em honra das divindades femininas, homenageando a Grande Mãe.

Na Índia, entre 15 e 20 mil anos atrás, as mulheres detinham conhecimentos que deveriam passar para todos os aprendizes das tribos. Para proteger esses conhecimentos dos invasores, transformaram-nos em dança, e assim podia-se fazer rituais e contar histórias sem que isso fosse percebido. A disseminação, porém, da dança do ventre no Oriente Médio aconteceu após a invasão do Egito pelos povos árabes e por isso a identificação directa entre os seus descendentes e estas práticas.

Foi assim que a dança se espalhou pelo mundo, perdendo muito de seu simbolismo e incorporando novos princípios.

Mário de Sá Carneiro: "O incesto" (II)

"Existem angústias tão desoladoras, tão infinitamente cruéis, que nós temos a sensação nítida - mas é verdade, temos a sensação nítida - de que passámos já para além da morte. (...) Não pensamos [em suicídio] porque a nossa dor foi tamanha que mesmo na morte não acharíamos refúgio para ela - nossa dor foi tamanha que que realmente morremos já" (pp. 44/45; Editora Justiça e Paz)

Sem comentários....

terça-feira, janeiro 04, 2005

Mário de Sá Carneiro: "O incesto"

"Há almas com efeito, e Monforte era uma delas, para quem a incerteza é a pior das torturas. Quando temos uma certeza, por muito amarga que seja, é só por ela que sofremos. Porém, se não a possuímos, se unicamente possuímos uma dúvida, mais horroroso se torna o nosso martírio: Sofremos por essa dúvida transformada em terrível certeza, e pela esperança que a mesma dúvida encerra. Numa palavra: No primeiro caso sofremos por uma desilusão única; no segundo por ilusões e desilusões sucessivas: um tormento constante em que nos despedaçamos e nos sentimos enlouquecer." (pp. 38/39; Editora Justiça e Paz)

o livro "o incesto" é pequenino. lê-se rapidamente e pensa-se durante mais tempo. o crime e a culpa. as descrições. os jogos de palavras. esta transcrição não acrescenta nada de novo ao que eu própria já tinha percebido, mas nunca o tinha encontrado com esta clareza, simplicidade e intensidade... A dúvida é uma das dores mais atrozes... antes uma certeza desastrosa do que uma dúvida por mais doce que seja...


segunda-feira, janeiro 03, 2005

Proposta

Tenho uma proposta para 2005.
Proponho que os intervenientes dos Caracoisdamarina escrevam Pelo Menos um vez por mês sobre literatura... Autor... Livro... Ideia...
Afinal isto é ou não um espaço literário? Vamos lá fazer qualquer coisa nova este ano!!!
Aproveito para desejar um imenso caracol para 2005...

PS: Sigmundo, vê se o D. & M. querem ter um username... Assim como o T. e o B.! Gracias!!!

Não sei....

Hoje não sei... é segunda feira de um novo ano e por isso não sei... acho que vou ficar em dúvida, porque não sei!

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